O Lixão da Soberania: Seca na Amazônia expõe o fracasso do Estado na Tríplice Fronteira – Noticiário 24H
A severa seca que castiga a Amazônia não revela apenas a vulnerabilidade da floresta; ela expõe, de forma crua e fétida, a falência completa do Estado em uma das áreas mais estratégicas do continente. O lixão a céu aberto na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, agora com suas montanhas de resíduos expostas pela baixa dos rios, é o monumento à incompetência governamental e um símbolo da nossa frágil soberania.
Enquanto a elite política em Brasília, Bogotá e Lima discursa em fóruns internacionais sobre “salvar o planeta” e “proteger a Amazônia”, a realidade no terreno é a de um abandono absoluto. A incapacidade de prover o serviço mais básico de saneamento — a destinação correta do lixo — em uma região de fronteira tão sensível não é um mero descuido administrativo; é a confissão de que o Estado não tem controle efetivo sobre seu próprio território.
O que a seca revela é o resultado inevitável do monopólio estatal sobre serviços essenciais. Quando o governo se arvora como o único provedor de saneamento e falha miseravelmente, não há alternativas. A população local fica refém, forçada a conviver com o chorume que contamina a água que bebe e os peixes que come, e com a proliferação de doenças que emana do lixo exposto.
Este lixão a céu aberto é a verdadeira face da política ambiental na Amazônia, muito distante das propagandas oficiais e dos relatórios de ONGs financiadas com capital estrangeiro. É a prova de que a preocupação com a floresta raramente se traduz em ações concretas que melhorem a vida das pessoas que nela habitam.
A questão transcende o meio ambiente; é uma crise de soberania. Uma fronteira onde o Estado não consegue nem sequer recolher o lixo é uma fronteira porosa, vulnerável a toda sorte de atividades ilícitas. A ineficiência na gestão de resíduos é um sintoma da mesma doença que permite o avanço do narcotráfico, do garimpo ilegal and da biopirataria: a ausência de um Estado que cumpra suas funções primordiais.
A seca, portanto, presta um serviço involuntário: ela rasga o véu da retórica ambientalista e mostra a dura verdade. A maior ameaça ao ecossistema e à população da tríplice fronteira não é a falta de mais leis ou de mais conferências climáticas. É a presença de um Estado que é, ao mesmo tempo, onipresente em sua burocracia e ausente em suas responsabilidades mais básicas.