A Nova Cortina de Fumaça: Motta usa “adultização” infantil como pretexto para censurar redes sociais – Noticiário 24H

Diante da crescente preocupação com o fenômeno da “adultização” de crianças nas redes sociais, o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara dos Deputados, anunciou que a Casa irá priorizar a votação de projetos de lei voltados à proteção da infância no ambiente digital. Se a intenção fosse genuína, seria louvável. No entanto, dado o histórico e as inclinações autoritárias de certos setores, é impossível não enxergar nessa repentina preocupação uma nova oportunidade para implementar a tão almejada censura sob o verniz da proteção infantil.

A “adultização” precoce de crianças nas mídias sociais é, de fato, um problema sério. A exposição a conteúdos inadequados para sua idade, a pressão estética precoce, o cyberbullying e a exploração online são ameaças reais que exigem atenção e debate. Pais, educadores e a sociedade como um todo precisam estar vigilantes e engajados na proteção da infância no mundo digital.

Contudo, a solução para esses problemas complexos não reside na hiper-regulação estatal e na censura. A história nos mostra que, invariavelmente, esses instrumentos são utilizados para silenciar vozes dissidentes e controlar o fluxo de informação, e não para o bem comum. A súbita prioridade dada a esses projetos na Câmara, sob a presidência de Hugo Motta, levanta a suspeita de que, por trás da nobre causa da proteção infantil, esconde-se a velha agenda de controle e de imposição de narrativas oficiais.

Quem definirá o que é “conteúdo inadequado”? Quem terá o poder de decidir o que as crianças podem ou não acessar? A experiência recente com a tentativa de regulamentação das redes sociais no Brasil, que visava cercear a liberdade de expressão sob o pretexto de combater a desinformação, nos deixa um alerta claro sobre os riscos de entregar ao Estado o poder de policiar o ambiente digital.

É fundamental distinguir entre a proteção genuína das crianças e a instrumentalização de uma causa nobre para fins de controle ideológico. O debate sobre a “adultização” infantil não pode ser sequestrado por aqueles que anseiam por mais censura e menos liberdade na internet. A solução passa pela educação, pela conscientização dos pais e das crianças sobre os riscos e benefícios do mundo digital, e pelo fortalecimento de mecanismos de responsabilização para aqueles que praticam crimes contra crianças online.

A prioridade dada a esses projetos de lei na Câmara, sob a liderança de Hugo Motta, soa menos como um sincero esforço para proteger a infância e mais como uma manobra tática para avançar uma agenda autoritária, aproveitando a comoção em torno de um tema sensível. A vigilância da sociedade civil e a defesa intransigente da liberdade de expressão são, neste momento, mais cruciais do que nunca.