O Triunfo da Inconveniência: Como a tirania da ‘verificação de idade’ no Reino Unido destrói a privacidade em nome de uma falsa segurança – Noticiário 24H
Em uma vitória celebrada apenas por burocratas e censores, o acesso a sites de conteúdo adulto no Reino Unido despencou drasticamente após a implementação de novas e invasivas leis de verificação de idade. A narrativa oficial vende essa queda como um sucesso na “proteção das crianças”. A realidade, no entanto, é a de um fracasso retumbante: a criação de um sistema que viola a privacidade de milhões de adultos e que é comicamente ineficaz para impedir o acesso de qualquer adolescente minimamente inteligente.
O que o governo britânico implementou, sob o disfarce de uma nobre causa, é um dos maiores ataques à liberdade e à privacidade na internet ocidental. Adultos, para acessar conteúdo perfeitamente legal, são agora forçados a entregar seus dados mais sensíveis — passaportes, carteiras de motorista, informações de cartão de crédito — a empresas privadas de “verificação de idade”. Criou-se, por decreto, um gigantesco e centralizado banco de dados com os hábitos de consumo de pornografia de milhões de cidadãos, um “pote de mel” irresistível para hackers e um instrumento de vigilância sem precedentes à disposição do Estado.
A alegação de que isso “protege as crianças” é uma piada de mau gosto. Qualquer adolescente com acesso a uma ferramenta de VPN (Rede Privada Virtual) — algo trivial hoje em dia — pode simplesmente mascarar sua localização e acessar o mesmo conteúdo a partir de servidores em outros países, sem qualquer restrição. A lei não impede o acesso; ela apenas pune os cidadãos cumpridores da lei que se recusam a entregar sua privacidade em troca do direito de serem adultos.
A queda drástica no acesso não significa que o interesse pelo conteúdo diminuiu. Significa que milhões de britânicos, em um ato de desobediência civil silenciosa, estão se recusando a participar dessa farsa autoritária. Eles estão optando por não acessar, em vez de se submeter a um sistema que os trata como suspeitos e exige seus documentos para navegar na internet.
Este é um exemplo clássico do “Estado-babá” em sua forma mais perigosa. A premissa é a de que o indivíduo é incapaz de tomar suas próprias decisões e de que os pais não são competentes para educar seus próprios filhos, necessitando da tutela onipresente do governo. A responsabilidade de proteger as crianças do acesso a conteúdo adulto é, e sempre deveria ser, dos pais, através do diálogo, do controle parental e da educação, não de um sistema de vigilância estatal que infantiliza toda a população.
O precedente aberto no Reino Unido é assustador e serve de alerta para o Brasil, onde pautas semelhantes são frequentemente discutidas. Hoje, a desculpa é a pornografia. Amanhã, qual será o pretexto? A verificação de idade será exigida para acessar sites de apostas? Para ler artigos sobre bebidas alcoólicas? Para acessar conteúdo político que o governo considere “impróprio”?
A queda no acesso a sites adultos no Reino Unido não é uma vitória da moralidade. É a vitória da burocracia sobre a liberdade e a prova de que, quando o Estado impõe barreiras irracionais, o cidadão livre simplesmente se recusa a jogar.