O Êxodo do Capital: Méliuz conclui listagem nos EUA em um voto de desconfiança contra o ‘Custo Brasil’ – Noticiário 24H

A empresa brasileira de tecnologia Méliuz anunciou a conclusão de sua listagem em uma bolsa de valores nos Estados Unidos, um movimento celebrado pela companhia como um passo estratégico para o crescimento. No entanto, por trás da fachada de uma “empresa brasileira ganhando o mundo”, a decisão é, na verdade, um sintoma doloroso e um atestado do fracasso do ambiente de negócios no Brasil. A ida da Méliuz para o mercado americano não é uma escolha, é uma fuga.

Este é o êxodo do capital inteligente. Empreendedores e empresas que alcançam um certo nível de sucesso no Brasil se deparam com uma dura realidade: para continuar a crescer e competir em escala global, é preciso escapar das amarras do “Custo Brasil”. A busca por uma listagem em Nova York não é primariamente por glamour, mas por sobrevivência e acesso a um ecossistema que funciona.

A razão para essa fuga é óbvia para qualquer um que já tentou empreender no país. O Brasil oferece um coquetel tóxico de instabilidade política, insegurança jurídica, uma carga tributária sufocante e uma burocracia medieval. Nesse ambiente, o capital não é apenas maltratado, ele é punido. Por que uma empresa inovadora se manteria refém de um mercado de capitais doméstico raso e de um governo que vê o setor privado como uma fonte inesgotável de recursos a serem taxados, em vez de um parceiro a ser incentivado?

Ao listar suas ações nos EUA, a Méliuz ganha acesso ao maior e mais profundo mercado de capitais do mundo, a um ecossistema de investidores que entendem de tecnologia e a uma segurança jurídica que permite o planejamento de longo prazo. É a troca da incerteza de Brasília pela previsibilidade de Wall Street.

O governo e a imprensa aliada podem até tentar vender a notícia como um sinal da força do “empreendedorismo brasileiro”. A verdade é o oposto. Cada vez que uma empresa de ponta como a Méliuz precisa buscar capital no exterior para crescer, é uma confissão pública de que o Brasil falhou em criar as condições mínimas para reter seus próprios talentos e suas próprias empresas.

O sucesso da Méliuz nos Estados Unidos será o sucesso de seus fundadores e de seus investidores, que tomaram uma decisão racional de negócios. Mas, para o Brasil, é mais um capítulo na triste saga de um país que, por suas próprias políticas estatistas e hostis ao capital, continua a exportar suas melhores mentes e suas empresas mais promissoras.