O Paradoxo da Monetização: Músicas de Hytalo Santos com menores seguem lucrando no Spotify enquanto influenciador está preso – Noticiário 24H

Enquanto o influenciador Hytalo Santos dorme em uma cela em São Paulo, preso preventivamente sob a acusação de crimes gravíssimos como exploração sexual infantil e tráfico humano, sua máquina de fazer dinheiro continua a operar a todo vapor. Em uma demonstração chocante da desconexão entre a lei, a moral e o capital, as músicas gravadas por Santos com a participação de Kamylinha e outras menores de idade não apenas seguem disponíveis nas maiores plataformas de streaming do mundo, como continuam a gerar royalties diretamente para o acusado.

A situação é o mais puro suco da hipocrisia corporativa. Spotify e Apple Music, empresas que investem milhões em campanhas de marketing sobre “segurança” e “responsabilidade social”, mantêm em seus catálogos dezenas de faixas como “Na Testa” e “Bonde da Kamys”. Essas músicas, que contam com milhões de reproduções e foram produzidas no mesmo contexto de “adultização” que levou à prisão do influenciador, continuam a ser monetizadas.

O que isso significa na prática? Que cada play dado por um usuário em uma dessas canções se transforma em uma fração de centavo que, através do complexo sistema de distribuição de direitos autorais, alimenta as contas bancárias de um homem que a Justiça considera, neste momento, um risco para a sociedade e para as crianças. O produto da suposta exploração continua a render lucros para o suposto explorador, com o aval tácito das gigantes da tecnologia.

A Justiça agiu: determinou a prisão, suspendeu as redes sociais de Hytalo e o proibiu de ter contato com menores. No entanto, parece haver um limbo legal e moral onde o braço da lei não alcança. As plataformas de streaming, até o momento, se escondem em um silêncio conveniente, tratando as músicas como um produto desassociado da grave investigação criminal que envolve sua criação.

Este caso não é apenas sobre Hytalo Santos. É sobre a responsabilidade de um ecossistema digital que parece mais preocupado com seus contratos de distribuição do que com a ética. É a falência de um sistema que permite que um indivíduo, mesmo atrás das grades por crimes contra crianças, continue a lucrar com o conteúdo que produziu com essas mesmas crianças.

Enquanto a sociedade debate os perigos da exposição infantil e o Congresso discute novas leis, a realidade é que o crime, ou a suspeita dele, continua a compensar. Literalmente. As músicas de Hytalo Santos com Kamylinha e outras menores continuam no ar, e o dinheiro continua a cair na conta. É a trilha sonora da impunidade.