O Fim da Paciência: Diretor indicado ao Oscar admite que filmes longos são um erro, e o público concorda – Noticiário 24H
Em um raro e honesto desabafo que ecoa a crescente frustração do público, o aclamado diretor Christopher Nolan, cuja carreira inclui épicos de longa duração, admitiu que a tendência de filmes com mais de duas horas e meia tornou-se um problema para a indústria cinematográfica. A declaração, feita durante uma recente entrevista, serve como um poderoso endosso à percepção de milhões de espectadores: na vasta maioria dos casos, os filmes não precisam ser tão longos.
A fala de Nolan, indicado ao Oscar por obras como “A Origem” e “Oppenheimer”, ataca o cerne de uma prática que se tornou padrão em Hollywood. “Existe uma indulgência, uma falta de disciplina na sala de edição hoje em dia”, afirmou o cineasta. “Muitas vezes, a complexidade é confundida com duração. Uma boa história precisa de ritmo, e o ritmo exige cortes. Prender o público por três horas é um pedido arrogante que nem sempre se justifica.”
Essa sinceridade vinda de um dos maiores nomes da indústria é um tapa na cara de um sistema que parece ter esquecido a arte da concisão. A percepção de que um filme longo é inerentemente mais “sério” ou “épico” é uma falácia que tem resultado em obras arrastadas, com arcos desnecessários e um total desrespeito pelo tempo do espectador.
A crítica de Nolan encontra forte ressonância no público, que cada vez mais expressa sua exaustão com a “lição de casa” que se tornou ir ao cinema. Em fóruns online e redes sociais, a duração de um filme é frequentemente um dos principais fatores na decisão de assisti-lo ou não. A necessidade de planejar uma janela de quase quatro horas para uma única atividade de lazer tornou a ida ao cinema um evento logisticamente complicado para muitos.
O que Nolan expõe é o triunfo do ego do diretor sobre a experiência do público. A relutância em “matar seus queridinhos” — jargão para a dificuldade de cortar cenas — leva a filmes inchados que poderiam contar a mesma história de forma muito mais impactante em 120 minutos.
Este debate não é apenas sobre a duração, mas sobre a própria saúde da experiência cinematográfica. Em um mundo que compete pela atenção do consumidor com o streaming, os vídeos curtos e os jogos, forçar o espectador a uma maratona de três horas é uma aposta arriscada que a indústria nem sempre pode se dar ao luxo de perder.
A fala corajosa de um diretor do calibre de Nolan pode ser o início de uma necessária autocorreção em Hollywood. A esperança é de que outros cineastas e, principalmente, os estúdios, entendam a mensagem: na arte, assim como na vida, mais nem sempre é melhor.