O Tombo do Gigante: Lucro do Banco do Brasil desaba 60%, e o agronegócio, usado como propaganda, vira o vilão da história – Noticiário 24H
Em um balanço que soou como um alarme de incêndio no mercado financeiro, o Banco do Brasil reportou um resultado desastroso para o segundo trimestre de 2025: um lucro líquido ajustado de apenas R$ 3,78 bilhões, representando um tombo de 60,2% em comparação com o mesmo período do ano anterior. A queda vertiginosa não apenas frustrou as expectativas mais pessimistas, como também forçou o banco a cortar drasticamente a projeção de lucros para o ano e a reduzir o pagamento de dividendos, penalizando diretamente seus milhões de acionistas.
A justificativa oficial para o desastre, apresentada na teleconferência de resultados, aponta para um culpado principal: o agronegócio. A inadimplência na carteira de crédito rural disparou, forçando o banco a aumentar massivamente suas provisões para devedores duvidosos (PDD), que saltaram mais de 50% em um ano. A ironia é brutal: o mesmo setor que é usado como a grande vitrine de propaganda do governo e do banco, agora é apresentado como o vilão responsável por afundar os resultados.
No entanto, uma análise crítica revela que a crise no agro é apenas o sintoma mais visível de uma doença mais profunda: a ingerência política e a falta de uma gestão focada em resultados. A atual diretoria, alinhada ao Palácio do Planalto, tem sido pressionada a expandir o crédito de forma agressiva para setores politicamente convenientes, muitas vezes relaxando os critérios de risco em nome de uma agenda “desenvolvimentista”. O resultado é este: uma explosão na inadimplência que agora precisa ser coberta com o lucro que deveria ser distribuído aos acionistas.
A queda no lucro não é um acidente, é uma consequência. É o preço de se usar um banco de capital misto, que deveria ser gerido com a máxima eficiência para competir no mercado, como um instrumento de política social e de fomento a setores escolhidos pelo governo. Enquanto os bancos privados, focados exclusivamente no lucro e na gestão de risco, apresentam resultados sólidos, o Banco do Brasil sangra.
A reação do mercado foi imediata, com as ações do banco despencando na bolsa. A decisão de reduzir o payout (a fatia do lucro distribuída como dividendos) de 40% para 30% é a confissão final de que a festa do crédito fácil, patrocinada pelo governo, acabou, e quem pagará a conta, como sempre, são os acionistas, incluindo os milhões de pequenos investidores brasileiros que confiaram suas economias ao “banco do Brasil”.