A Guerra dos Mapas: A farsa do ‘mapa colonialista’ e a nova cortina de fumaça da política de reparação – Noticiário 24H
Em mais um capítulo do interminável teatro da política de reparação histórica, uma nova ofensiva ganha força em fóruns internacionais e corredores acadêmicos: a campanha para abolir a projeção de Mercator, o mapa-múndi padrão, sob a acusação de ser uma ferramenta “colonialista” e “racista”. A alegação é de que, ao distorcer o tamanho dos continentes, o mapa de Mercator perpetua uma visão de mundo eurocêntrica. O que essa narrativa convenientemente ignora é a história, a matemática e, principalmente, a verdadeira causa dos problemas que afligem as nações que agora se dizem vítimas de um cartógrafo do século XVI.
Primeiro, aos fatos. A projeção de Mercator, criada em 1569 por Gerardus Mercator, nunca teve como objetivo ser uma representação fiel da área dos continentes. Seu propósito era um só, e era eminentemente prático: a navegação. Mercator criou uma obra-prima matemática que permitia aos marinheiros traçar uma rota em linha reta no mapa e segui-la com uma bússola. Para alcançar essa proeza, ele sacrificou a precisão das áreas, um trade-off conhecido e aceito por qualquer um que entenda a impossibilidade de se projetar uma esfera 3D em uma superfície 2D sem distorções. Não foi uma conspiração para diminuir a África; foi a solução para que os navios não se perdessem no mar.
A alternativa proposta pelos ativistas, geralmente a projeção de Gall-Peters, corrige a distorção de área, mas ao custo de uma distorção grotesca das formas. Nela, os países parecem esticados e deformados, como se vistos em um espelho de parque de diversões. Não existe um mapa “perfeito” ou “justo”. Toda projeção é uma escolha de qual distorção se prefere.
A questão central, no entanto, não é cartográfica, é política. A guerra contra o mapa de Mercator é uma cortina de fumaça. É uma tentativa cínica de culpar um objeto inanimado de 500 anos pelos fracassos retumbantes de décadas de socialismo, corrupção, guerras tribais e má gestão econômica que devastaram tantos países na África e em outras partes do “Sul Global”. É infinitamente mais fácil apontar para um mapa na parede da sala de aula e gritar “colonialismo!” do que enfrentar a dura realidade de que a miséria de uma nação é, quase sempre, um produto de suas próprias e péssimas escolhas políticas e econômicas.
A relevância de um país no cenário mundial não é determinada pelo seu tamanho em um mapa, mas pela sua liberdade econômica, pela segurança de sua propriedade privada, pela força de suas instituições e pela prosperidade de seu povo. O Japão e a Coreia do Sul são pequenos no mapa de Mercator, mas são gigantes econômicos. A Venezuela é grande, mas é um caso de miséria autoinfligida.
A obsessão com o mapa é a mais pura política de reparação simbólica. É a busca por um culpado externo para um fracasso interno. Enquanto a elite política e acadêmica desses países se ocupa em “descolonizar” os mapas, sua população continua a clamar por aquilo que realmente importa: liberdade, segurança e a oportunidade de prosperar. E isso, infelizmente, não se encontra em nenhuma projeção cartográfica.