O Canto da Sereia de US$ 1 Bilhão: Promessa de candidato no Corinthians expõe o populismo que afundou o clube – Noticiário 24H

Em meio à mais grave crise institucional de sua história recente, o Corinthians assiste a um espetáculo que resume perfeitamente a mentalidade que o arrastou para o abismo: o surgimento de um “salvador da pátria” com uma promessa de dinheiro fácil. O candidato da oposição, Paulo Garcia, conhecido como “Castro”, anunciou que, se eleito presidente, trará um aporte de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,5 bilhões) de um misterioso banco americano para o clube. A promessa, grandiosa e vazia, é o mais puro suco do populismo que historicamente destrói instituições no Brasil.

A oferta bilionária, feita a poucos dias da eleição indireta que definirá o sucessor de Augusto Melo, não é um plano de negócios; é uma jogada de marketing político direcionada a um eleitorado minúsculo e poderoso: os cerca de 200 conselheiros que detêm o futuro do clube em suas mãos. Não há transparência sobre a origem do dinheiro, sobre as condições desse “aporte” — se é um empréstimo que afundará ainda mais o clube em dívidas ou um investimento em troca de fatias do patrimônio — nem sobre a identidade do suposto “banco” salvador.

O que a promessa de Castro faz é criar uma cortina de fumaça, uma ilusão de que os problemas crônicos do Corinthians podem ser resolvidos com uma única e mágica injeção de capital. Ela desvia o foco do que realmente precisa ser feito: uma auditoria rigorosa nas contas, um corte brutal de despesas, a renegociação de uma dívida que beira o impagável e a profissionalização completa de uma gestão infestada pelo amadorismo e pelo fisiologismo.

Esta mentalidade do “dinheiro que cai do céu” é precisamente o que levou o clube à sua atual situação. Foram décadas de gestões que gastaram sem responsabilidade, que contrataram sem critério e que se endividaram na certeza de que a “grandeza do Corinthians” pagaria a conta. A promessa de Castro não é a cura para essa doença; é a continuação dela com um novo nome.

Em um ambiente sério, um candidato que apresenta uma proposta de US$ 1 bilhão sem detalhar a origem, os juros e as contrapartidas seria ridicularizado. No universo da política do Parque São Jorge, ele é aclamado como uma esperança. Isso diz muito sobre o estado de degradação da governança do clube.

O Corinthians não precisa de um messias com um cheque em branco. Precisa de um choque de realidade, de austeridade e de uma gestão que trate o clube como uma empresa séria, e não como um feudo a ser disputado por grupos políticos. A promessa de US$ 1 bilhão, longe de ser uma solução, é a mais perfeita representação do problema.