A Economia da Esperança Alheia: Dólar recua, mas não por mérito do Brasil, e sim pela aposta na fraqueza dos EUA – Noticiário 24H
O dólar abriu o pregão desta sexta-feira em queda, trazendo um alívio momentâneo para a combalida economia brasileira. A explicação para o movimento, no entanto, não está em Brasília, mas em Washington. O mercado global, e o brasileiro a reboque, aguarda com ansiedade o discurso do presidente do Federal Reserve (o banco central americano), apostando que qualquer sinal de fraqueza na economia dos EUA possa forçar um corte de juros e, por consequência, enfraquecer o dólar globalmente. O que assistimos não é um voto de confiança no Brasil; é a torcida pela desgraça alheia como única política cambial.
A dinâmica é a mais perfeita tradução da nossa irrelevância e dependência. Em um país com fundamentos econômicos sólidos, a moeda se valoriza por seus próprios méritos: controle da inflação, responsabilidade fiscal, um ambiente de negócios atrativo e segurança jurídica. No Brasil de hoje, nada disso existe. A única esperança para a valorização do real não vem de dentro, mas de fora.
O mercado não está comprando “Brasil”. Está vendendo “dólar” na expectativa de que a maior economia do mundo precise afrouxar sua política monetária para evitar uma recessão. É uma aposta na doença do vizinho para aliviar a nossa própria febre.
Essa dependência humilhante é o resultado direto da inação e da incompetência do governo brasileiro em fazer o dever de casa. Enquanto o Planalto se ocupa com pautas ideológicas, com a expansão do gasto público e com a criação de instabilidade, o Banco Central é forçado a manter a taxa Selic em patamares estratosféricos para tentar, sem muito sucesso, conter a inflação e a fuga de capitais.
Neste cenário, qualquer alívio no câmbio é puramente especulativo e passageiro. A fala do presidente do Fed pode trazer volatilidade, mas não muda a realidade estrutural: o Brasil é um país caro, arriscado e sem um plano crível de crescimento.
Portanto, a queda do dólar no dia de hoje não deve ser celebrada como uma vitória. Ela é, na verdade, a mais dura das sentenças. É o atestado de que a nossa economia se tornou tão frágil que a única notícia que pode nos trazer algum alívio é a perspectiva de que a economia dos outros piore.