A Nacionalização de Fato: Trump dobra a aposta, humilha CEO e anuncia que governo dos EUA agora é dono de 10% da Intel – Noticiário 24H

Em uma demonstração de poder que borra as linhas entre o Estado e o mercado, o presidente Donald Trump anunciou uma reviravolta chocante na sua relação com a gigante de semicondutores Intel. Apenas alguns dias após exigir publicamente a demissão do CEO da empresa, Lip-Bu Tan, por supostos laços com a China, Trump declarou que, após uma reunião na Casa Branca, o governo dos EUA fechou um acordo para se tornar dono de 10% da Intel. A operação, que transforma o governo em um dos maiores acionistas da companhia, é uma intervenção sem precedentes na história recente do capitalismo americano e a consolidação de uma política industrial baseada na força.

A sequência de eventos foi vertiginosa. Primeiro, a pressão pública, com Trump usando sua plataforma Truth Social para pedir a cabeça do CEO. Depois, o encontro a portas fechadas. Por fim, o anúncio, com o tom característico do presidente: “Ele entrou querendo manter o emprego e acabou nos dando US$ 10 bilhões para os Estados Unidos. Então, ganhamos US$ 10 bilhões”, declarou Trump.

O acordo, segundo a Intel, será uma conversão de subsídios já aprovados pela Lei CHIPS em uma participação acionária. O governo americano comprará 433,3 milhões de ações por US$ 8,9 bilhões, a um preço de US$ 20,47 por ação — um desconto significativo em relação ao valor de mercado. Na prática, o governo não desembolsará dinheiro novo, mas transformará o que seriam subsídios em participação nos lucros, um movimento que a Casa Branca vende como “equidade para o povo americano”.

Um Acionista Poderoso e “Passivo”

Embora a Intel tenha se apressado em afirmar em comunicado que a participação do governo será “passiva”, sem assento no conselho ou direitos de governança, a realidade é que a linha já foi cruzada. O governo agora é sócio, e como o próprio Trump deixou claro, a negociação foi uma demonstração de força. A ideia de que o maior acionista do mundo, o governo dos EUA, não exercerá sua influência sobre as decisões estratégicas da empresa é, no mínimo, ingênua.

O CEO Lip-Bu Tan, que há dias era o alvo da fúria presidencial, agora se vê forçado a celebrar a “confiança que o presidente e a administração depositaram na Intel”. É o retrato de um setor privado que, diante da pressão do poder estatal, não tem outra opção a não ser a de cooperar.

As Consequências do Capitalismo de Estado

Este movimento de Trump não é isolado. Faz parte de uma estratégia mais ampla de usar o poder do Estado para forçar a “reindustrialização” da América e para combater o que ele considera a ameaça chinesa. A intervenção na Intel serve como um aviso para toda a indústria de tecnologia: o alinhamento com a agenda “America First” não é mais opcional.

Para o Brasil e para o mundo, o recado é claro. A era da globalização e do livre fluxo de capital, como conhecíamos, está sendo substituída por um novo modelo de nacionalismo econômico, onde os governos não hesitarão em intervir diretamente nas empresas para alcançar seus objetivos geopolíticos. A compra de 10% da Intel pelo governo americano não é apenas uma notícia de negócios; é o som do tabuleiro do poder global sendo virado.