O Esgoto a Céu Aberto: Facebook remove grupo onde homens, sem máscaras, linchavam mulheres com fotos íntimas – Noticiário 24H
Em um ato que é, ao mesmo tempo, um alívio tardio e um retrato desolador da natureza humana, o Facebook finalmente removeu um grupo italiano chamado “La Gogna” (O Pilory), onde milhares de homens compartilhavam fotos íntimas de ex-parceiras, colegas e conhecidas. A notícia, no entanto, não está na remoção do grupo, mas em sua própria existência e na característica mais chocante de seus membros: eles agiam abertamente, usando seus nomes e rostos reais, sem qualquer tentativa de se esconder. O caso não é sobre a dark web; é sobre o mal que se sente confortável na praça pública.
O grupo funcionava como um moderno pelourinho digital. Homens postavam fotos e vídeos íntimos de mulheres, acompanhados de seus nomes, locais de trabalho e redes sociais, incitando o assédio em massa. O que torna o caso “La Gogna” um sintoma terminal de uma doença social é a total ausência de vergonha ou medo por parte dos agressores. Eles não eram criminosos anônimos; eram cidadãos comuns — pais, maridos, filhos — que se sentiam perfeitamente à vontade para participar de um linchamento virtual coletivo.
Este episódio expõe duas falências morais catastróficas da nossa era:
- A Morte da Responsabilidade Individual: A atitude dos membros do grupo revela uma completa dissolução do senso de decência e de consequência. Acreditando estar protegidos pela “tribo” e pela tela do computador, esses homens se permitiram cometer atos de uma crueldade abjeta, que jamais teriam a coragem de praticar cara a cara. É a banalidade do mal descrita por Hannah Arendt, agora potencializada por um algoritmo de engajamento. A culpa não é da tecnologia; é da imbecilidade e da maldade de quem a usa como uma arma.
- A Hipocrisia Criminosa da Big Tech: A existência prolongada de um grupo como “La Gogna” é a prova cabal da fraude que é a “moderação de conteúdo” da Meta. A mesma empresa que desenvolve algoritmos sofisticadíssimos para censurar opiniões políticas, memes e o que considera “desinformação” em questão de segundos, mostrou-se convenientemente cega e lenta para agir contra um grupo dedicado à exploração sexual e à destruição da vida de mulheres. A mensagem é clara: para o Facebook, um conservador questionando a narrativa oficial é mais perigoso do que um homem distribuindo pornografia de vingança. A prioridade não é a segurança do usuário, mas a proteção de sua própria agenda ideológica e comercial.
O fechamento do grupo não é uma vitória. É o mínimo. É a prefeitura limpando o esgoto que transbordou na rua depois de meses de reclamações. Os dados já foram compartilhados, as reputações já foram destruídas, e os homens que participaram continuam lá, impunes, esperando o próximo grupo, a próxima vítima.
Enquanto não responsabilizarmos criminalmente não apenas os indivíduos que postam, mas também as plataformas que lucram com essa degradação, casos como “La Gogna” continuarão a ser a regra, não a exceção. A tecnologia apenas revelou o monstro que sempre esteve lá; a nossa falha é continuar a alimentá-lo com nossa complacência e nossa audiência.