Imagem Inédita de ‘Jato Quebrado’ em Galáxia Distante Reforça Teoria de Fusão de Buracos Negros Gigantes – Noticiário 24H
Uma imagem sem precedentes, capturada por uma rede internacional de radiotelescópios, revelou um jato de plasma com uma estranha estrutura “quebrada” emanando do centro da galáxia OJ 287. A descoberta, liderada pela astrônoma Efthalia Traianou, da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, fornece a evidência visual mais forte até hoje de que esta galáxia abriga não um, mas dois buracos negros supermassivos em uma lenta e violenta dança orbital que, um dia, culminará em uma fusão colossal.
A OJ 287, localizada a bilhões de anos-luz da Terra, é um tipo especial de galáxia conhecida como “blazar”. Isso significa que seu jato de partículas energéticas está apontado quase diretamente para nós, fazendo com que seu brilho pareça imensamente amplificado. O motor desse espetáculo é um buraco negro titânico, com 18 bilhões de vezes a massa do nosso Sol.
O que torna a OJ 287 um objeto de estudo tão fascinante é a presença de um segundo buraco negro, menor, mas ainda gigantesco (com 150 milhões de massas solares), que orbita o principal a cada 12 anos. A cada órbita, ele atravessa o disco de matéria que alimenta o buraco negro maior, causando explosões de brilho que os astrônomos conseguem prever com precisão.
A nova imagem, publicada na revista Astronomy & Astrophysics, foi obtida combinando o poder de 10 radiotelescópios em solo nos EUA (a rede VLBA) com o satélite russo RadioAstron, criando um “supertelescópio” virtual com um poder de resolução inédito. O resultado é uma visão detalhada do jato principal que revela três dobras nítidas, uma estrutura tortuosa que nunca havia sido observada.
A principal hipótese dos cientistas é que essa aparência “quebrada” é causada pela imensa força gravitacional do buraco negro menor, que, ao passar, distorce e “entorta” o fluxo de plasma do jato principal. “Nunca antes observamos uma estrutura na galáxia OJ 287 com o nível de detalhes visto na nova imagem”, afirmou Traianou em comunicado.
A descoberta transforma a OJ 287 em um laboratório natural perfeito para estudar como buracos negros supermassivos interagem e se fundem, um processo que gera as famosas ondas gravitacionais. Embora a colisão final entre os dois ainda esteja a milhões de anos no futuro, a dupla já está emitindo ondas fracas. A esperança é que missões futuras, como a Antena Espacial de Interferômetro a Laser (LISA), da Agência Espacial Europeia, prevista para a década de 2030, sejam sensíveis o suficiente para detectar essas ondulações no espaço-tempo, abrindo uma nova janela para entendermos os eventos mais violentos do universo.