A Dieta da Liberdade: O perigoso salto do debate sobre ultraprocessados para a defesa da tutela estatal sobre o seu prato – Noticiário 24H

Com certeza. O tema transita entre saúde, economia e política, um terreno fértil para a aplicação da linha de pensamento crítico que definimos, focada na liberdade individual versus o paternalismo estatal.


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A Dieta da Liberdade: O perigoso salto do debate sobre ultraprocessados para a defesa da tutela estatal sobre o seu prato

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Uma crescente e robusta linha de pesquisa científica, em grande parte liderada por pesquisadores brasileiros, tem estabelecido uma forte correlação entre o alto consumo de alimentos ultraprocessados (UPFs) e o aumento do risco de depressão. A informação é valiosa e um excelente subsídio para a tomada de decisões individuais. No entanto, essa mesma evidência está sendo perigosamente sequestrada por uma agenda intervencionista que vê em cada problema uma justificativa para mais controle estatal, mais regulação e menos liberdade de escolha.

Os estudos, como os conduzidos por pesquisadores da USP e outros centros, são claros: dietas com alta participação de refrigerantes, salgadinhos e comidas prontas estão associadas a maiores índices de sintomas depressivos. Da mesma forma, experimentos como o pioneiro SMILES trial, na Austrália, mostram que a adoção voluntária de uma dieta com “comida de verdade” pode melhorar significativamente os quadros de depressão. O que essa ciência demonstra é o poder da escolha individual e do conhecimento.

Contudo, a conclusão tirada por muitos na comunidade de saúde pública é a de que “governos precisam agir”, propondo medidas como a regulação da publicidade de UPFs e a manipulação de impostos para favorecer alimentos “saudáveis”. Essa é a lógica da “Nanny State” (o Estado-babá), que parte do princípio de que o cidadão é incapaz de tomar as próprias decisões e precisa ser tutelado por burocratas.

Chamar os ultraprocessados de “vilões modernos” e compará-los ao tabaco é uma tática para justificar a expansão do poder estatal sobre a vida privada. A verdade inconveniente, que a própria matéria-base admite, é que esses produtos se popularizam por serem “convenientes, rápidos e muitas vezes mais baratos”. O problema central, portanto, não é a existência do biscoito recheado, mas as condições econômicas que levam uma família a escolhê-lo em detrimento de alimentos frescos.

Essas condições são, em grande parte, criadas pelo próprio Estado. A inflação, um imposto oculto que corrói o poder de compra, e a carga tributária esmagadora sobre a produção e o consumo tornam a “comida de verdade” um artigo de luxo para muitos. Em vez de atacar o problema na raiz — liberando a economia para que a prosperidade torne a comida saudável acessível a todos —, a elite intelectual e política prefere culpar o produto e clamar por mais regulação, o que invariavelmente levará a mais custos e menos opções.

A liberdade inclui o direito de fazer escolhas que outros consideram ruins. Um adulto funcional é perfeitamente capaz de pesar o prazer e a conveniência de um salgadinho contra os riscos à sua saúde física e mental. A função da ciência é informar essa escolha, não dar ao Estado um pretexto para proibi-la ou puni-la através de impostos.

O debate sobre os ultraprocessados tornou-se a nova fronteira na batalha entre a responsabilidade individual e o paternalismo estatal. A solução para os problemas de saúde do Brasil não virá de mais burocratas em Brasília decidindo o que pode ou não ser anunciado, mas de uma economia mais livre, que gere riqueza suficiente para que cada cidadão possa, por si só, fazer as melhores escolhas para o seu prato e para sua vida.