A Conta da ‘Evolução’: Chevrolet Montana 2026 chega ‘mais tecnológica’, mas principalmente mais cara, e expõe o peso do Custo Brasil – Noticiário 24H

A Chevrolet anunciou a chegada da linha 2026 da picape Montana, seguindo o roteiro previsível da indústria automotiva nacional: adiciona-se tecnologia já existente em outros modelos, promove-se uma “evolução” e, invariavelmente, apresenta-se a conta ao consumidor. A picape de fato recebe um aguardado painel digital, mas a novidade mais palpável para o bolso do brasileiro é o aumento de preços em toda a gama, que agora parte de R$ 141.790.

A principal inovação alardeada pela montadora é a adoção do cluster digital, que combina uma tela de 8 polegadas para os instrumentos com a central multimídia de 11 polegadas. Trata-se de uma solução moderna, mas longe de ser inédita, já que é a mesma utilizada na Spin e no Tracker, evidenciando uma estratégia de padronização de componentes para otimizar custos – uma otimização que, curiosamente, não se reflete em uma redução de preço.

O que se observa é um reflexo direto do “Custo Brasil”. Enquanto as montadoras são forçadas a lidar com uma das cargas tributárias mais sufocantes do mundo, alta inflação e uma complexa teia de regulações, a conta final é sempre empurrada para o consumidor. O aumento de mais de R$ 3.500 na versão de entrada não se justifica apenas pela inclusão de retrovisores elétricos ou maçanetas na cor do carro; ele é o sintoma de um ambiente de negócios hostil onde a previsibilidade de preços é uma ficção.

A atualização do motor 1.2 Turbo para 141 cv, que de fato melhorou o desempenho e o consumo, já havia sido implementada no início de 2025. A inclusão dessa informação no pacote da linha 2026 serve mais como um reforço de marketing do que como uma novidade genuína que justifique os novos valores.

A Chevrolet, como qualquer empresa, busca maximizar seus lucros e se adaptar a um mercado desafiador. A linha 2026 da Montana é um produto competente, mas seu lançamento é, acima de tudo, um retrato da economia brasileira. O consumidor recebe melhorias incrementais, muitas delas já esperadas para a faixa de preço, mas paga um preço que sobe em um ritmo muito mais acelerado, corroído por uma inflação persistente e pela insaciável carga de impostos que incide sobre cada peça do veículo.

No fim, a Montana 2026 chega mais “conectada”, mas também deixa o consumidor brasileiro mais consciente de uma dura realidade: no Brasil, o preço da inovação é sempre reajustado pela régua da ineficiência estatal e da instabilidade econômica.