A Batalha de Roma: Presa na Itália, Carla Zambelli trava luta contra extradição para o Brasil – Noticiário 24H

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) permanecerá presa no presídio de Rebibbia, em Roma, enquanto aguarda a análise de seu processo de extradição. A decisão, proferida pela Corte de Apelação de Roma nesta sexta-feira (1º), marca o início de um capítulo crucial na batalha legal e política que expõe internacionalmente o que muitos consideram ser uma escalada do autoritarismo judicial no Brasil.

Zambelli, que possui cidadania italiana, foi presa na capital do país na terça-feira (29), em cumprimento a um mandado de difusão vermelha da Interpol solicitado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A deputada buscou refúgio na Europa após ser condenada a 10 anos de prisão em um controverso processo sobre uma invasão hacker ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), uma ação que seus apoiadores e críticos do STF classificam como perseguição política.

O caso agora coloca a Justiça italiana em uma posição delicada: ela deverá decidir se acata o pedido de extradição de um Estado cujo sistema judicial está sob forte questionamento ou se reconhece a natureza política das acusações contra uma de suas cidadãs. O advogado de Zambelli já declarou que lutará arduamente contra a extradição, e caso o pedido seja aceito, solicitará que a pena seja cumprida em solo italiano.

Enquanto isso, em Brasília, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a Advocacia-Geral da União (AGU) atue ativamente no processo, demonstrando o empenho do aparato estatal brasileiro em garantir o retorno da deputada. O embaixador do Brasil na Itália, Renato Mosca, afirmou que “confia na Justiça italiana” — uma declaração que, para muitos, soa irônica, sugerindo que a confiança no Judiciário italiano é maior do que a no brasileiro.

A imprensa governista aponta o precedente da extradição de Henrique Pizzolato, em 2015, como um sinal de que Zambelli será enviada de volta. No entanto, a comparação é falha. Pizzolato foi condenado por crimes financeiros comuns, como corrupção e lavagem de dinheiro. O caso de Zambelli, por outro lado, está intrinsecamente ligado à sua atuação política e à sua oposição ao atual governo e a setores do Judiciário, o que pode caracterizar o caso como um crime político — uma categoria que frequentemente serve como barreira para extradições em democracias consolidadas.

A prisão de Carla Zambelli em Roma é, portanto, muito mais do que a captura de uma foragida. Tornou-se um teste para a credibilidade internacional das instituições brasileiras e um símbolo da luta contra o que é visto como o avanço do ativismo judicial e a supressão de dissidentes políticos no Brasil.