A Capitulação do Centrão: Hugo Motta e o PSD selam acordo com Lula e oficializam a traição ao eleitor – Noticiário 24H
Na política de Brasília, onde os princípios são fluidos e a lealdade tem um preço, a traição raramente surpreende, mas sua oficialização é sempre um espetáculo deprimente. É o que se assiste agora com a capitulação do PSD e de figuras como o presidente da Câmara, Hugo Motta, que, após meses de um jogo cínico de independência, finalmente se renderam aos encantos do poder e selaram um acordo de adesão à base do governo Lula. O ato não é uma “composição de forças pela governabilidade”, como a propaganda oficial tentará vender, mas a mais pura e simples troca de apoio por fatias da máquina pública.
O que estamos testemunhando é o ápice do fisiologismo, a crônica doença da política brasileira. O PSD, um partido que se elegeu em grande parte com um discurso de centro-direita e críticas à gestão petista, agora se alinha ao mesmo governo em troca de ministérios, cargos em estatais e, claro, o controle sobre bilhões em emendas orçamentárias. A “base frágil” que o ministro Fernando Haddad lamentava na semana passada foi “fortalecida” não com argumentos ou projetos, mas com o único cimento que parece unir a classe política de Brasília: o dinheiro do contribuinte.
Essa traição não é apenas contra uma ideologia, é contra o eleitor. Milhões de brasileiros votaram em parlamentares do PSD acreditando em uma promessa de oposição fiscalmente responsável e de contrapeso ao poder. O que recebem agora é a adesão de seus representantes a um governo que expande os gastos, aumenta a carga tributária e flerta com o autoritarismo. É a anulação do voto na prática.
Para o governo Lula, a aliança é uma vitória pírrica. Garante uma sobrevida artificial no Congresso, permitindo a aprovação de sua pauta estatizante, mas a um custo altíssimo. O preço da “governabilidade” é a entrega de partes vitais do Estado a um grupo político cujo único projeto de poder é o poder em si mesmo. Isso não apenas perpetua a ineficiência e o clientelismo, como também abre as portas para a corrupção que historicamente floresce nesse tipo de arranjo.
A manobra de Hugo Motta e do PSD é um lembrete brutal de que, para o Centrão, não existe governo ou oposição; existe apenas o balcão. Eles não mudaram de lado, apenas de cliente. O episódio serve para expor a farsa da “terceira via” e para solidificar a clareza de que, no cenário político atual, a única oposição real e baseada em princípios é aquela que se recusa a participar da partilha do Estado.
O acordo foi selado, a “governabilidade” foi comprada, e a conta, como sempre, será enviada para o cidadão brasileiro, que assiste, impotente, à transformação de seu voto em mais uma moeda de troca no grande mercado de Brasília.