A Casa dos Horrores: Ex-funcionários de Hytalo Santos revelam rotina de abusos, controle e a industrialização da exploração infantil – Noticiário 24H

Enquanto o influenciador Hytalo Santos aguarda os próximos passos de seu processo na prisão, os muros de sua mansão começam a falar. Em depoimentos chocantes a veículos como o programa “Fantástico”, da TV Globo, e o jornal O Estado de S. Paulo, ex-funcionários que trabalharam na residência expuseram os bastidores do que parece ser um regime de controle absoluto, abusos e a mais pura industrialização da exploração de menores de idade, tudo transmitido em tempo real para milhões de seguidores.

Os relatos, feitos sob condição de anonimato, pintam um quadro que vai muito além da “adultização” de crianças e entra no terreno do tráfico humano e do trabalho análogo à escravidão. Segundo as testemunhas, os adolescentes que viviam na casa eram tratados como “propriedade” de Hytalo, que ditava cada aspecto de suas vidas, desde o que podiam comer e a hora de dormir, até quando podiam usar o próprio celular.

A denúncia mais grave é a de que a casa era um ambiente de festas constantes, onde o consumo de bebida alcoólica era liberado para todos, incluindo os menores de idade. Essa revelação, somada às acusações de que as famílias das crianças recebiam uma “mesada” e presentes caros em troca da permanência de seus filhos na mansão, configura um cenário clássico de exploração e vulnerabilidade. O influenciador, na prática, teria criado um “harém” de jovens para produzir conteúdo, sob a fachada de uma “família” moderna e descolada.

O que se revela é um modelo de negócios macabro. A vida desses jovens — suas relações, suas brigas, suas intimidades — era o produto. Cada drama, cada dança sensualizada, cada momento de exposição era transformado em conteúdo monetizável, em engajamento, em mais dinheiro para o chefe da casa.

A falha, no entanto, não é apenas de um indivíduo. É de todo um sistema. Onde estavam as autoridades, que, segundo relatos, já haviam sido alertadas sobre a situação? Onde estavam as plataformas, como Instagram e TikTok, que não apenas permitiram a proliferação desse conteúdo, mas o recompensaram com alcance e monetização? Onde estava a responsabilidade dos pais, que entregaram seus filhos em troca de uma “mesada” e da promessa de fama?

O caso Hytalo Santos expõe a podridão de um ecossistema que se alimenta da exposição e da vulnerabilidade. A prisão do influenciador é um passo necessário, mas insuficiente. Enquanto a sociedade, as plataformas e o Estado não decidirem tratar a exploração de crianças na internet com a seriedade que o tema exige — em vez de esperar por um vídeo viral para se chocar —, novos “Hytalos” continuarão a surgir, lucrando com a destruição da infância, ao vivo e a cores, para milhões de espectadores.