A Esmola do Roaming: Congresso celebra fim de taxa de celular no Mercosul para esconder o fracasso do bloco – Noticiário 24H

Em um raro momento de aparente eficiência, o Congresso Nacional finalizou a aprovação do acordo que elimina a cobrança de roaming internacional para celulares dentro do Mercosul. A notícia, vendida como uma grande vitória para a integração regional, é, na verdade, a mais perfeita tradução do estado terminal do bloco: enquanto o livre comércio de verdade agoniza, celebramos a liberdade de não pagar a mais para postar uma foto de Buenos Aires. É a esmola do roaming, o “pão e circo” diplomático para uma população que assiste ao fracasso de um projeto que já nasceu velho.

A medida, que agora segue para promulgação, permitirá que brasileiros viajando para Argentina, Paraguai e Uruguai (e vice-versa) usem seus planos de dados e voz como se estivessem em casa. É uma conveniência, sem dúvida. Mas é uma conveniência que serve como uma cortina de fumaça para a dura e imutável realidade de um Mercosul que se tornou irrelevante como bloco econômico e funciona apenas como um clube de afinidades ideológicas.

O que essa “grande vitória” esconde?

  1. O Protecionismo Reina: Enquanto se comemora a queda de uma taxa de telefonia, barreiras alfandegárias absurdas, regulações protecionistas e a falta de uma união aduaneira de fato continuam a sufocar o comércio entre os países-membros. É mais fácil para um brasileiro comprar um produto chinês do que um argentino. A livre circulação de mercadorias, que era o pilar do Mercosul, foi substituída por um labirinto de exceções e interesses corporativos.
  2. A Irrelevância Global: O Mercosul, como bloco, é um anão diplomático. O acordo com a União Europeia, que se arrasta há mais de duas décadas, é a prova cabal de sua incapacidade de negociar em conjunto e de se adaptar às exigências do mundo moderno. A celebração do fim do roaming é o prêmio de consolação para um bloco que não consegue fechar acordos que realmente gerariam bilhões em investimentos e empregos.
  3. A Crise Política Permanente: O bloco vive em um estado de crise perpétua, refém das instabilidades políticas de seus membros. A relação entre o governo Lula e a Argentina de Javier Milei é o exemplo mais recente de como as afinidades ideológicas falam mais alto do que os interesses comerciais.

Portanto, o fim da cobrança do roaming não deve ser visto como um avanço, mas como um sintoma. É o sintoma de um bloco que, incapaz de entregar as reformas profundas e a liberalização econômica que prometeu, se contenta em oferecer pequenas concessões populistas para manter a ficção de que ainda serve para alguma coisa.

É uma medida que beneficia o turista, mas que em nada altera a realidade do produtor, do empresário e do trabalhador, que continuam a ser as maiores vítimas de um bloco que virou as costas para o livre mercado.