A Fatura do Resgate: Pacote para Exportadores Alivia Setor, Mas Ameaça Real e Selic, Alertam Analistas em Fortaleza – Noticiário 24H

O tão aguardado pacote de “resgate” para os exportadores brasileiros, anunciado pelo governo federal em Brasília como uma resposta emergencial ao tarifaço de Trump, pode trazer um alívio momentâneo para o setor, mas acende um sinal de alerta na engrenagem macroeconômica. Analistas financeiros de Fortaleza e de todo o país convergem na avaliação de que a generosidade estatal com os exportadores pode vir com uma conta salgada para o câmbio e, indiretamente, para a taxa básica de juros, a Selic.

A lógica é perversa, mas conhecida: para “ajudar” um setor específico com recursos públicos (seja via crédito subsidiado, compras governamentais ou fundos de apoio), o governo inevitavelmente mexe com o equilíbrio do mercado. No caso dos exportadores, a necessidade de injetar liquidez e de compensar as perdas com o mercado americano pode pressionar a saída de dólares do país, desvalorizando o real frente a outras moedas.

Um real mais fraco, embora teoricamente possa tornar as exportações mais competitivas a longo prazo (uma ironia, dado o contexto), tem um impacto imediato e doloroso na inflação. Produtos importados ficam mais caros, desde insumos industriais até bens de consumo, elevando os custos para as empresas e o preço final para o consumidor em Fortaleza e em todo o Brasil.

Diante de uma potencial escalada inflacionária causada pela desvalorização cambial, o Banco Central, teoricamente autônomo, pode se ver compelido a agir para conter os preços. A ferramenta clássica para essa contenção é o aumento da taxa Selic. Juros mais altos, embora possam controlar a inflação, têm um efeito dominó negativo sobre a economia: encarecem o crédito para empresas e consumidores, desestimulam o investimento produtivo e podem frear o crescimento econômico, afetando diretamente a geração de empregos em setores como o comércio e serviços, importantes para a economia cearense.

Portanto, o “resgate” dos exportadores, financiado pelo contribuinte e orquestrado pelo governo em Brasília, pode, na prática, significar um arrocho financeiro para o restante da economia. As empresas que não exportam verão seus custos aumentarem com o dólar mais caro, e os consumidores sentirão o peso da inflação no supermercado e nas contas.

Analistas em Fortaleza observam com ceticismo a eficácia de um pacote que tenta corrigir uma falha diplomática com mais intervenção estatal, gerando potenciais efeitos colaterais danosos para o conjunto da economia. A questão central permanece: por que o governo não priorizou uma política externa pragmática para evitar o tarifaço em primeiro lugar, em vez de agora tentar remediar a situação com medidas paliativas e arriscadas?

A resposta, como sempre, reside nas prioridades de um governo que frequentemente coloca a ideologia à frente do pragmatismo e que parece mais propenso a criar dependência de intervenções estatais do que a fomentar um ambiente de negócios saudável e competitivo para todos. O pacote de resgate pode soar como um alívio imediato para alguns, mas a conta final, na forma de um real enfraquecido e uma Selic possivelmente mais alta, será dividida por toda a sociedade brasileira.