A Ilusão da Cesta Básica Barata: Queda de preços não é alívio, mas sintoma de uma economia estagnada – Noticiário 24H

O governo e a imprensa aliada celebraram com entusiasmo os dados mais recentes sobre o custo da cesta básica, que apontam uma queda no preço em 15 das 17 capitais pesquisadas em julho. A notícia, vendida como um sinal de recuperação econômica e um alívio para o bolso do trabalhador, é, na verdade, uma perigosa cortina de fumaça que esconde a verdadeira e sombria razão para a queda dos preços: a fraqueza da demanda e o desespero do setor produtivo.

A queda nos preços dos alimentos não é uma vitória do consumidor; é um sintoma da doença. Em uma economia saudável e em crescimento, o aumento da renda e do poder de compra gera uma demanda aquecida, que pressiona naturalmente os preços para cima. O que estamos vendo no Brasil, segundo os dados do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), é o movimento oposto.

A realidade por trás dos números é a seguinte:

  1. Demanda Enfraquecida: Com o desemprego ainda em níveis elevados e a renda do trabalhador corroída pela inflação geral, a população simplesmente não tem dinheiro para consumir. A queda no preço da carne, do leite e de outros itens básicos não é fruto de uma política de governo, mas do fato de que o brasileiro está cortando gastos e comprando menos. O preço cai porque não há quem compre.
  2. Produtor no Prejuízo: A queda no varejo é o reflexo de um problema que começa no campo. Com os custos de produção (combustível, fertilizantes, etc.) ainda altos e com a demanda interna fraca, muitos produtores são forçados a vender sua produção a preços mais baixos para não perderem toda a safra. É uma liquidação forçada para tentar minimizar o prejuízo.
  3. Impacto do “Tarifaço” Americano: A crise diplomática com os Estados Unidos e a imposição de tarifas sobre produtos do agronegócio forçaram os exportadores a desviar para o mercado interno parte da produção que seria vendida ao exterior. Esse aumento artificial da oferta, especialmente de carnes, pressiona os preços para baixo, mas a um custo altíssimo para o produtor e para a balança comercial do país.

Portanto, a celebração da queda no preço da cesta básica é uma perigosa inversão de valores. É como comemorar a febre baixa de um paciente que está com uma hemorragia interna. O alívio momentâneo na gôndola do supermercado mascara a dura realidade de uma economia que não cresce, de um consumidor sem poder de compra e de um setor produtivo que opera no vermelho.

A verdadeira solução para o preço dos alimentos não virá de uma recessão disfarçada, mas de um ambiente de liberdade econômica que gere empregos, aumente a renda e permita que tanto o produtor quanto o consumidor prosperem. O que o governo nos oferece, no entanto, é a “boa notícia” de uma cesta básica mais barata, cujo preço real é a estagnação do país.