A Narrativa da Derrota: Kamala Harris anuncia livro sobre campanha de 2024 em tentativa de reescrever a história e se manter relevante – Noticiário 24H

Em um movimento clássico da política moderna para controlar a narrativa após uma derrota contundente, a ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, anunciou o lançamento de um livro de memórias focado em sua campanha presidencial de 2024 contra Donald Trump. A obra, ainda sem título definido, promete ser um acerto de contas e uma tentativa de justificar os erros que levaram ao fracasso do Partido Democrata em manter a Casa Branca.

O anúncio, feito através de sua editora, a Penguin Random House, surge em um momento em que Harris busca redefinir sua imagem e se manter como uma figura de liderança dentro de um partido fragmentado e carente de novas lideranças. Para analistas, o livro servirá a um triplo propósito: apresentar uma versão dos fatos que a exima de responsabilidade pela derrota, atacar adversários e, principalmente, pavimentar o caminho para uma possível nova candidatura em 2028.

Espera-se que as memórias detalhem os bastidores da campanha, os desafios enfrentados e, inevitavelmente, a culpa atribuída a fatores externos — seja a mídia, a interferência estrangeira ou a suposta misoginia e racismo. O que é improvável, no entanto, é uma autocrítica sincera sobre as falhas de sua própria estratégia, a dificuldade em conectar-se com o eleitorado da classe trabalhadora e a incapacidade de apresentar uma visão de futuro que superasse a mensagem populista de Trump.

O livro de um político derrotado raramente é um exercício de história; é uma peça de campanha para a próxima eleição. Ao lançar sua versão dos acontecimentos, Harris busca solidificar sua base de apoio, manter-se no centro do debate público e garantir que a história de 2024 seja contada através de sua ótica.

A obra certamente se tornará um best-seller entre os apoiadores do Partido Democrata e será dissecada pela imprensa. Para o restante do público, no entanto, ela servirá como um estudo de caso sobre como a elite política utiliza o mercado editorial não para buscar a verdade, mas para construir uma narrativa que sirva a seus próprios e futuros interesses de poder.








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