A Nova Dependência: EUA sancionam chips de IA da Nvidia para o Brasil e nos rebaixam a colônia digital – Noticiário 24H
A guerra pela supremacia tecnológica do século XXI chegou ao Brasil da pior forma possível: como uma sanção que não foi criada para nós, mas que nos atinge em cheio, expondo nossa total e completa irrelevância no tabuleiro geopolítico. Em mais um capítulo de sua disputa com a China, os Estados Unidos restringiram a exportação de chips de inteligência artificial (IA) de alta performance da Nvidia para uma série de países, incluindo o Brasil. A medida, que visa impedir que a tecnologia caia em mãos chinesas, na prática nos rebaixa à condição de colônia digital, um “quintal” tecnológico que não tem o direito de acessar as ferramentas que definirão o futuro.
A decisão de Washington, formalizada por novas regras do Departamento de Comércio, cria um sistema de castas global. De um lado, um seleto grupo de aliados preferenciais que terão acesso irrestrito à tecnologia. Do outro, China e Rússia, os inimigos declarados, que estão sob um bloqueio total. E no meio, em um limbo humilhante, está o Brasil: um país “amigo” demais para ser considerado um inimigo, mas não confiável o suficiente para ter acesso ao que realmente importa.
É crucial entender que esta sanção não afeta as placas de vídeo usadas em PCs gamers ou para uso doméstico comum. As restrições são direcionadas especificamente aos chips mais caros e avançados da Nvidia, como os modelos de ponta da linha A100 e H100, que são a espinha dorsal dos grandes projetos de inteligência artificial, de supercomputadores e dos data centers que treinam modelos de linguagem massivos e desenvolvem novas aplicações de IA.
Para o Brasil, as restrições são um desastre anunciado. Nosso incipiente ecossistema de IA, que depende 100% de hardware importado para desenvolvimento de ponta, será sufocado. Universidades, centros de pesquisa e startups que sonhavam em desenvolver modelos de linguagem próprios e competir no mercado global foram, com uma canetada em Washington, cortados pela raiz.
A Consequência da Política Externa Errática e a Birra com Trump
É impossível dissociar esta sanção da desastrosa política externa do governo Lula, que tem sido marcada por uma teimosia ideológica e, sobretudo, por uma birra pessoal e política com Donald Trump. Ao mesmo tempo em que o Brasil busca um alinhamento com a China e flerta com ditaduras, o governo atual espera ser tratado como um parceiro confiável pelo Ocidente. A realidade, como esta sanção demonstra, é brutal: não se pode sentar em duas cadeiras ao mesmo tempo, muito menos antagonizar publicamente o líder da maior economia do planeta.
A desconfiança de Washington em relação às intenções do governo brasileiro e à sua proximidade com Pequim, agravada por declarações desastradas e uma postura beligerante contra a administração Trump, é, sem dúvida, um dos fatores que nos colocou nesta lista de “países de segunda classe”. A política externa não é palco para vendetas pessoais; ela exige pragmatismo e inteligência. A ausência dessas qualidades nos custa caro.
O que estamos testemunhando não é apenas uma restrição comercial; é uma declaração de dependência. É o governo americano nos informando que, no que tange à tecnologia do futuro, o Brasil não terá autonomia. Seremos meros consumidores de tecnologia de ponta, e apenas daquela que nos for permitido comprar.
A sanção aos chips da Nvidia é a materialização do nosso fracasso como nação. Um país com o potencial do Brasil, que se contenta em exportar commodities enquanto o mundo avança para a economia do conhecimento, está fadado a este destino: o de ser um mero espectador da história, esperando que as potências mundiais decidam quais migalhas de tecnologia teremos o direito de usar.