A Nuvem Atômica: Google constrói usina nuclear para alimentar sua ambição por IA e expõe o custo real do ‘progresso’ – Noticiário 24H

Em um movimento que redefine a escala de poder corporativo, o Google anunciou planos para construir e operar sua própria usina de energia nuclear. A decisão, vendida ao público como um passo visionário em direção à “energia limpa 24/7”, é, na verdade, a mais honesta confissão sobre o apetite insaciável e perigoso da inteligência artificial e o início de uma nova era onde as gigantes da tecnologia não se contentam mais em controlar a informação — elas agora querem controlar o átomo.

A justificativa para este salto monumental é a demanda por eletricidade dos seus centros de dados, que explodiu com a corrida pela supremacia em IA. Os relatórios da própria empresa revelam um aumento de 27% no consumo de energia em apenas um ano. O “progresso” da IA, ao que parece, tem um custo energético tão colossal que a rede elétrica pública, construída para servir nações, já não é mais suficiente. A solução encontrada pelo Google não foi a de otimizar sua tecnologia para ser mais eficiente, mas a de privatizar a fonte de energia mais poderosa e controversa da humanidade.

O plano envolve a construção dos chamados Reatores Modulares Pequenos (SMRs) em parceria com empresas como a Kairos Power, para abastecer diretamente seus data centers no Tennessee e Alabama. Outras gigantes, como a Amazon, seguem o mesmo caminho. O que estamos testemunhando é a transformação silenciosa das Big Techs em companhias de energia com poder de nível estatal, criando um novo tipo de monopólio que controla não apenas o fluxo de dados, mas o fluxo de elétrons que sustenta a sociedade moderna.

A narrativa de “energia limpa” é a cortina de fumaça perfeita. Embora a energia nuclear seja livre de carbono em sua operação, ela vem com um legado de lixo radioativo de milhares de anos e riscos de segurança que nações inteiras hesitam em assumir. A decisão do Google não é primariamente ecológica; é uma necessidade de negócios. A IA é o produto, e a energia nuclear é a matéria-prima que eles precisam garantir a qualquer custo, longe das incertezas e limitações de uma rede elétrica que precisa servir a hospitais, escolas e cidadãos comuns.

Este movimento também expõe a fusão cada vez mais profunda entre o poder corporativo e o Estado. A construção de uma usina nuclear não é algo que uma empresa privada faz sozinha. Ela exige um emaranhado de licenças, subsídios e cooperação com o governo. O que nasce dessa aliança é um leviatã tecno-estatal, uma entidade que opera com o poder de um Estado-nação, mas sem o dever de prestar contas a eleitores.

A era da nuvem atômica chegou. O preço para termos chatbots mais rápidos e IAs mais “inteligentes” é a consolidação de um poder sem precedentes nas mãos de poucas corporações, que agora controlam os dois pilares da civilização do século XXI: a informação e a energia.