A Porta Fechada: Reunião crucial de Haddad com Tesouro dos EUA é cancelada, e governo culpa a oposição pelo próprio fracasso – Noticiário 24H
Em um dos episódios mais humilhantes para a diplomacia brasileira na crise do “tarifaço”, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que a aguardada reunião virtual com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, foi cancelada. Em vez de uma autocrítica pela inabilidade de seu governo em construir pontes, Haddad recorreu à cartilha da vitimização, ecoando o discurso da mídia tradicional ao culpar a caricaturizada “hiperpoderosa extrema-direita” e uma suposta “articulação antidiplomática” pelo vexame.
A reunião, que ocorreria nesta quarta-feira (13), era vista como a principal — e talvez última — chance de o Brasil tentar negociar, no nível técnico, uma saída para a sobretaxa de 50% imposta por Donald Trump. O cancelamento, comunicado por e-mail com a justificativa protocolar de “falta de agenda”, é um sinal inequívoco de que a porta para o diálogo técnico, neste momento, está fechada. A Casa Branca deixou claro que a questão não é comercial, é política.
A patética tentativa de Haddad de transferir a responsabilidade para a oposição, agora convenientemente elevada pela mídia governista ao status de força onipotente capaz de sabotar a diplomacia internacional, é uma manobra risível. Atribuir a parlamentares oposicionistas — por mais críticos que sejam — o poder de implodir uma reunião entre os ministérios da Fazenda das duas maiores economias do hemisfério é um insulto à inteligência e uma demonstração da fragilidade da narrativa oficial. A verdade é que a dita “articulação da extrema-direita” só encontrou eco porque a política externa do governo Lula já havia tornado o Brasil um pária para a atual administração americana.
Durante meses, o Planalto se deleitou em flertar com regimes autoritários, em propagar teses de “desdolarização” e em adotar uma postura de confronto com os Estados Unidos, tudo isso sob os aplausos da militância ideológica e com a condescendência de uma parcela da mídia que insiste em enxergar o mundo através de lentes ideológicas. Esperar que, após esse festival de anti-americanismo primário, um simples telefonema de um ministro fosse capaz de reverter a situação é de uma ingenuidade franciscana ou de uma deliberada má-fé.
O cancelamento da reunião não é uma vitória da “hiperpoderosa extrema-direita”; é a colheita amarga dos frutos da política externa do próprio governo. Ao priorizar o palanque ideológico em detrimento do diálogo pragmático e da defesa dos interesses nacionais, Lula e sua equipe isolaram o Brasil e nos deixaram à mercê de retaliações comerciais. Agora, acuados pelo fracasso, a tática é espernear e apontar o dedo para um inimigo imaginário, repetindo os clichês de uma mídia que parece mais interessada em proteger o governo do que em analisar os fatos com sobriedade.
Para o Brasil, o recado de Washington é claro e humilhante: o principal interlocutor econômico do país não é sequer digno de uma conversa. Enquanto isso, a conta do “tarifaço” chega, a indústria nacional treme e o governo, agarrado à sua narrativa de perseguição, se recusa a enxergar o abismo que cavou para o país.