Arqueólogos Revelam Mistério dos Dentes Preservados de Aristocrata Francesa do Século XVII – Noticiário 24H

Durante décadas, arqueólogos se perguntaram como os dentes de uma nobre francesa enterrada no século XVII permaneceram tão bem preservados. A resposta veio apenas recentemente, com o auxílio de tecnologias modernas e uma análise científica detalhada: fios de ouro foram usados como uma forma precoce de aparelho dentário.


Mistério arqueológico teve origem em 1988

A descoberta original ocorreu em 1988, durante escavações no Château de Laval, na França. O corpo embalsamado de uma mulher da alta sociedade, identificado como Anne d’Alegre, foi encontrado dentro de um caixão de chumbo. O estado de conservação de seus dentes intrigou os arqueólogos por décadas.

Apesar das evidências visuais, na época não existiam recursos para identificar com clareza o motivo da preservação da arcada dentária. Foi apenas em 2023 que uma equipe de pesquisadores conseguiu resolver o enigma.


Uma solução engenhosa — mas desastrosa

O estudo revela que Anne sofria de uma doença periodontal, que enfraquece a estrutura dos dentes. Para evitar a perda dentária, fios de ouro foram utilizados como suporte entre os dentes, tentando estabilizá-los.

No entanto, o que parecia ser uma medida sofisticada acabou piorando a situação. O aperto frequente dos fios teria acelerado a degradação óssea, tornando os dentes ainda mais frágeis.


Pressão estética na elite francesa da época

A pesquisa também aponta que, para as mulheres da aristocracia, a aparência era um fator determinante de status. A pressão por manter uma imagem impecável provavelmente levou Anne a recorrer a métodos caros e dolorosos para esconder problemas de saúde bucal.

Além dos fios de ouro, os cientistas identificaram que a nobre usava uma prótese de marfim de elefante, um material raro e sofisticado, reservado às classes mais altas.


Avanços tecnológicos trouxeram respostas

O avanço só foi possível graças ao uso da Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico, que permitiu uma reconstrução 3D da estrutura dentária e revelou detalhes invisíveis a olho nu. Com isso, os pesquisadores puderam documentar a extensão dos procedimentos dentários realizados na época.

O estudo oferece uma janela rara sobre as práticas de saúde e estética nos séculos passados, mostrando como a busca por status e beleza podia ultrapassar até os limites da medicina disponível.

Fontes científicas utilizadas nesta matéria:
🔗 Colleter et al. — Journal of Archaeological Science: Reports, Volume 51, 2023
🧪 Análises realizadas com Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico (TCFC), conforme descrito no artigo acima