É possível pegar doenças em assentos de privada? A resposta da ciência (e o verdadeiro perigo) pode te surpreender – Noticiário 24H
O pavor de sentar-se em um assento de vaso sanitário público é quase um instinto de sobrevivência para muitos brasileiros. A cena de alguém forrando o assento com metros de papel higiênico ou se equilibrando em posições acrobáticas para evitar o contato é um clássico. Mas, afinal, esse medo todo se justifica? É realmente possível contrair doenças graves apenas pelo contato com a pele? A resposta da ciência é um tranquilizador e surpreendente: é extremamente improvável.
Especialistas em microbiologia e infectologia são unânimes em afirmar que o risco de transmissão de doenças, especialmente as sexualmente transmissíveis (DSTs), através do contato da pele com o assento é praticamente nulo. A razão para isso é simples: a maioria dos vírus e bactérias que causam essas infecções são muito frágeis e não sobrevivem por muito tempo em uma superfície fria e seca como a de um vaso sanitário.
“Para que houvesse uma infecção, o patógeno (vírus ou bactéria) teria que passar do assento para a sua região genital ou uretral, ou entrar em contato com uma ferida aberta”, explica o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) em suas diretrizes de saúde pública. A nossa pele intacta é uma barreira de proteção extremamente eficaz.
Então, o Assento é Limpo?
Não exatamente. Os assentos sanitários, especialmente em banheiros públicos, estão cobertos de bactérias. No entanto, a maioria delas são bactérias comuns encontradas na nossa própria pele (como Estafilococos) ou bactérias fecais (como E. coli). Embora a ideia seja nojenta, o simples contato delas com a pele das pernas ou nádegas raramente causa problemas.
O risco real de infecção por essas bactérias existe, mas o vilão da história não é o assento.
O Verdadeiro Perigo no Banheiro: Suas Mãos
O grande perigo de contaminação em um banheiro não está onde você senta, mas no que você toca. As superfícies mais contaminadas e as verdadeiras rotas de transmissão de doenças são:
- A maçaneta da porta (interna e externa)
- O botão da descarga
- A torneira da pia
- O dispensador de sabão e de papel toalha
O ciclo de contaminação é claro: você toca em uma dessas superfícies, que foram tocadas por inúmeras outras mãos (muitas das quais não foram lavadas corretamente), e depois leva as mãos ao rosto, à boca, ao nariz ou aos olhos. É assim que vírus da gripe, resfriado, norovírus (que causa diarreia e vômito) e bactérias como E. coli e Salmonella são transmitidos.
A única doença de pele que, em casos raros, pode ser associada a vasos sanitários é a dermatite de contato, uma reação alérgica a produtos de limpeza agressivos ou ao material do próprio assento, como vernizes em tampos de madeira.
A Lição Final: Lave as Mãos
A conclusão dos especialistas é unânime: em vez de se preocupar excessivamente com o assento, a sua principal e mais eficaz arma de defesa em um banheiro público é a higienização correta das mãos. Lave-as com água e sabão por pelo menos 20 segundos após usar o vaso e, de preferência, use um papel toalha para fechar a torneira e abrir a porta na saída.
O medo do assento de privada é, em grande parte, um mito. O verdadeiro inimigo é a falta de higiene das mãos.