Entra em vigor tarifaço dos EUA sobre 94 países; Brasil já paga 50% desde ontem – Noticiário 24H

O tarifaço global anunciado por Donald Trump finalmente entrou em vigor nesta quinta-feira (7), afetando importações de 94 países, incluindo todas as 27 nações da União Europeia, além de potências como Alemanha, Japão, França, Reino Unido, Índia e Itália.

Esses países, que até então pagavam uma taxa de 10% desde abril, agora enfrentam aumento significativo das tarifas de importação, com alíquotas que variam entre 15% e 50%, conforme acordos bilaterais ou ausência deles.

Brasil já foi punido com antecedência

Enquanto outros países ainda tentavam negociar, o Brasil já passou a ser taxado com 50% desde quarta-feira (6). Ou seja, as exportações brasileiras já entraram em vigor com a tarifa máxima, sem direito a acordo prévio ou período de adaptação.

Segundo o decreto presidencial de Trump publicado em 31 de julho, o Brasil não está entre os países que conseguiram negociar reduções, nem tampouco entrou em acordos de suspensão temporária. Com isso, o país passou a figurar entre os mais punidos comercialmente, ao lado da Índia e de nações sob sanções como Irã e Rússia.

Acordos e exceções

Alguns países conseguiram evitar a punição máxima. O México, por exemplo, fechou um acordo de última hora que adiou o tarifaço por 90 dias. Já a China, após uma guerra tarifária declarada em abril, acertou uma trégua com os EUA no dia 12 de maio. Desde então, produtos chineses entram com 30% e produtos norte-americanos entram na China com 10% — uma drástica redução em relação aos 145% e 125% anteriores.

Na mesma linha, países como o Vietnã, Indonésia, Japão, Filipinas, Coreia do Sul, União Europeia e o Reino Unido conseguiram reduzir substancialmente suas taxas com negociações diretas, mostrando que a diplomacia — e não a ideologia — tem sido a chave para escapar da sanção comercial americana.

Impactos para o Brasil

Diante do silêncio do governo Lula e da ausência de negociação direta com Washington, o Brasil se encontra isolado e punido com a alíquota mais alta possível, o que deve prejudicar agricultores, indústrias e exportadores nacionais. Produtos brasileiros perderão competitividade no maior mercado consumidor do mundo.

Mais do que protecionismo, a postura de Trump tem sido estratégica: pressionar países aliados a tomarem posição na nova guerra comercial contra regimes autoritários e buscar vantagem industrial com realocação de cadeias produtivas para o território americano.

Sem diálogo, o Brasil não só perde economicamente, como também abre mão de influência geopolítica em um momento decisivo para as novas cadeias globais de valor.