Entre a Construção e a Incerteza: As dores do amadurecimento de Vasco e Flamengo e a força do interior no cenário carioca – Noticiário 24H
O futebol do Rio de Janeiro vive um momento de redefinição, onde seus gigantes, Vasco e Flamengo, atravessam fases turbulentas de maturação e busca por uma identidade de jogo, enquanto equipes do interior, como o Volta Redonda, provam que organização e ímpeto podem desafiar a hegemonia da capital.
Para o Vasco, a palavra de ordem é “construção”. Sob o comando de Maurício Barbieri, o time busca uma filosofia de jogo, mas ainda esbarra em carências evidentes. A dependência excessiva dos laterais e das bolas alçadas na área para criar perigo revela uma dificuldade na articulação ofensiva pelo meio. A derrota para o rival Flamengo na semifinal do Estadual, por 3 a 2, embora dolorosa, não pode apagar os bons momentos da equipe, que demonstrou capacidade de competir. No entanto, falhas individuais, como as de Capasso e Jair em lances cruciais, mostram que a margem de erro ainda é pequena. A Copa do Brasil, com seu apelo financeiro e esportivo, surge como uma prioridade talvez até maior que o próprio Carioca, exigindo que talentos como o argentino Luca Orellano assumam o protagonismo e ofereçam as variações de jogo que a equipe tanto precisa.
Do outro lado, o Flamengo de Vítor Pereira, mesmo com a vitória, segue longe de ser uma unanimidade. A equipe evolui a passos lentos e ainda não inspira a confiança que sua constelação de estrelas deveria. A aposta em um sistema com três zagueiros (3-5-2) mostrou-se funcional em alguns momentos, mas vulnerável em outros, com erros individuais de peças experientes como Rodrigo Caio e Vidal quase comprometendo o resultado. O placar favorável foi, mais uma vez, um produto do talento extraordinário de Arrascaeta, um jogador capaz de resolver partidas, mas que não pode ser a única solução para um time que ainda busca um funcionamento coletivo mais sólido e convincente.
Enquanto os gigantes da capital se ajustam, o interior mostra sua força. O Volta Redonda, ao bater o Fluminense por 2 a 1, demonstrou que um time bem armado e dirigido, como o de Rogério Corrêa, pode se impor mesmo contra um adversário tecnicamente superior. A vitória não foi um acaso, mas fruto de um plano de jogo bem executado, que soube explorar as fragilidades de um Fluminense talvez ainda sentindo os efeitos da conquista da Taça Guanabara.
Este cenário de gigantes em transição e “pequenos” organizados e ousados torna o futebol carioca um campo fértil para a imprevisibilidade, mas também um alerta para as potências tradicionais: a camisa e o talento individual não bastam quando a filosofia de jogo ainda está em maturação.