Hugo Motta critica ocupação da Câmara e diz que não aceitará imposição de agendas individuais – Noticiário 24H

Em meio a uma das semanas mais tensas do Congresso Nacional neste ano, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), reabriu os trabalhos da Casa nesta quarta-feira (6) com um discurso enfático. Motta criticou duramente a ocupação física do Plenário por parte de parlamentares da oposição, classificando o movimento como prejudicial ao Legislativo.

“O que aconteceu entre o dia de ontem e o dia de hoje, no movimento de obstrução física, não foi bom e não condiz com a nossa história”, afirmou o presidente da Câmara.

A manifestação de parlamentares de direita e centro-direita teve início na terça-feira (5), com a ocupação simultânea dos plenários da Câmara e do Senado. A ação buscava pressionar os presidentes das Casas para pautarem projetos ignorados pela base governista e pela alta cúpula do Judiciário.

Oposição exige votação de projetos ignorados pelo sistema

O estopim da obstrução foi a falta de avanço em pautas consideradas urgentes por deputados conservadores, entre elas:

  • Anistia aos presos dos atos de 8 de janeiro de 2023
  • Impeachment do ministro Alexandre de Moraes (STF)
  • Votação do fim do foro privilegiado

O chamado “Pacote da Paz” é visto por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro como um conjunto mínimo de demandas democráticas. O movimento é liderado pelo PL (Partido Liberal), mas conta com o apoio de outros partidos de oposição.

Na prática, os parlamentares têm feito rodízios no Salão Verde da Câmara e no Salão Azul do Senado, bloqueando acessos e impedindo sessões alternativas. “Não dá mais para aceitar que o Parlamento se ajoelhe diante de decisões monocráticas e de um ativismo judicial que destrói a separação de poderes”, declarou um deputado presente na manifestação.

Motta defende diálogo, mas rechaça pressão institucional

Apesar do tom conciliador em partes do discurso, Hugo Motta não escondeu a insatisfação com a ocupação. Ressaltou que manifestações são legítimas, mas devem seguir o Regimento Interno da Câmara e os princípios constitucionais:

“A oposição tem todo o direito de se manifestar (…), mas tudo isso tem que ser feito obedecendo o nosso regimento”, pontuou.

Motta também fez questão de se colocar como árbitro imparcial do processo legislativo:

“Não esperem desta presidência omissão ou falta de coragem. Mas também não esperem conivência com agendas pessoais. Estamos aqui para construir uma pauta pró-país”, finalizou.

Sessão deliberativa extraordinária será convocada

Ao final da sessão, o presidente anunciou que será marcada uma nova sessão deliberativa extraordinária, com data e pauta ainda a serem definidas. Nos bastidores, parlamentares dizem que Motta e Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do Senado, devem alinhar uma resposta institucional conjunta à ocupação.

A oposição, por sua vez, promete manter a pressão enquanto as pautas prioritárias continuarem sendo ignoradas.