Morre Terry Reid, lendário cantor que recusou Led Zeppelin e Deep Purple – Noticiário 24H

O mundo da música perdeu nesta semana uma de suas figuras mais singulares: o cantor, compositor e guitarrista britânico Terry Reid faleceu aos 75 anos, após lutar contra um câncer. A localização do tumor não foi divulgada.

Reid ficou eternizado tanto por seu talento vocal quanto por decisões que moldaram a história do rock de forma indireta. Foi ele quem recusou convites para ser vocalista de duas das maiores bandas do gênero: o Led Zeppelin e o Deep Purple. No caso do Zeppelin, recomendou ninguém menos que Robert Plant — e ainda sugeriu John Bonham como baterista, dupla que viria a mudar os rumos da música com Jimmy Page e John Paul Jones.

Apesar de essa história ter ganhado proporções lendárias, a carreira de Terry Reid vai muito além de convites rejeitados. Conhecido como “Superlungs” (Superpulmões) por seu alcance vocal impressionante, ele teve papel ativo na cena musical britânica dos anos 1960 e 70, com sete álbuns lançados e colaborações com nomes de peso.

Um talento reconhecido nos bastidores

Antes de qualquer ligação com o Led Zeppelin, Reid já havia se destacado como vocalista da banda Peter Jay and the Jaywalkers, que chegou a abrir uma turnê dos Rolling Stones em 1966. Seu envolvimento com os Stones foi duradouro: tornou-se próximo de Keith Richards e chegou a excursionar com eles nos Estados Unidos — inclusive no fatídico festival de Altamont, em 1969.

Foi justamente por conta dessa proximidade com os Rolling Stones que Reid recusou o convite de Jimmy Page. Em entrevistas, ele relatou que estava comprometido com a nova turnê americana da banda de Mick Jagger e Richards, o que inviabilizou sua entrada no Zeppelin. Ainda assim, deixou uma marca decisiva ao indicar Plant e Bonham.

Obstáculos e recomeços

A carreira solo de Reid enfrentou revezes. Conflitos contratuais com o produtor Mickie Most o impediram de lançar novos trabalhos por um período crítico de sua trajetória. Quando finalmente conseguiu retomar o controle artístico, o momento de ascensão já havia passado. Ainda assim, seguiu fazendo shows e participando de gravações ao longo das décadas seguintes, mantendo o respeito da comunidade musical.

Além do rock, Terry Reid tinha grande apreço por ritmos brasileiros e latinos. No final dos anos 1960, recebeu Gilberto Gil e Caetano Veloso em sua casa durante o exílio dos músicos baianos no auge da ditadura militar no Brasil — uma curiosidade que poucos conhecem, mas que reforça sua conexão com diferentes culturas musicais.

A notícia de sua morte foi divulgada pelo guitarrista Joe Bonamassa, que se referiu a Reid como um mentor e amigo. “Adeus, meu amigo. Foi uma honra conhecê-lo. Sentirei falta das nossas conversas e histórias em Palm Springs”, escreveu.

Terry Reid partiu, mas sua voz poderosa e sua influência silenciosa continuarão ecoando nos bastidores da história do rock.