O Grande Final: STF concede à defesa de Bolsonaro o direito de falar antes da sentença já escrita – Noticiário 24H
O grande espetáculo judicial que tem prendido a atenção da nação se aproxima de seu último ato. Chega ao fim nesta quarta-feira o prazo para que o ex-presidente Jair Bolsonaro e os demais réus da chamada “trama golpista” apresentem suas alegações finais ao Supremo Tribunal Federal (STF). É a última e comovente oportunidade para que os advogados tentem, com o poder da retórica e das provas, convencer um tribunal que, ao que tudo indica, já tem sua sentença redigida e aguarda apenas o momento certo para o anúncio.
Esta fase, conhecida no jargão jurídico como “alegações finais”, é o momento em que a defesa, após meses de uma instrução processual conduzida pelos próprios acusadores, tem a chance de apresentar seu lado da história. É um ritual que preserva a bela aparência do devido processo legal, concedendo aos réus a cortesia de serem ouvidos antes da inevitável conclusão.
A Procuradoria-Geral da República (PGR), em seu papel, já cumpriu o roteiro e pediu a condenação de todos, pintando um quadro de uma conspiração de alta periculosidade para abolir o Estado Democrático de Direito. Agora, cabe aos advogados de defesa a hercúlea — e possivelmente fútil — tarefa de argumentar contra a narrativa que tem sido martelada incessantemente pelo próprio tribunal e por seus porta-vozes na grande imprensa.
A peça jurídica se desenrola com uma peculiaridade que seria cômica se não fosse trágica: os juízes que darão o veredito final são os mesmos que se declaram as vítimas do suposto crime. É uma configuração que garante não apenas a imparcialidade, mas também a certeza de que a justiça será feita — ou, pelo menos, a versão de justiça que já foi decidida nos corredores do poder em Brasília.
O Brasil, portanto, aguarda com o fôlego suspenso, não para saber se os réus serão condenados ou absolvidos, mas para descobrir o tamanho da pena que já foi calculada. Após as alegações finais, o processo estará “pronto para ser julgado”, um eufemismo para “pronto para a leitura da sentença”. O suspense, ao que parece, não está no “o quê”, mas apenas no “quando”.