O Protetor que Virou Ameaça: App ‘Tea’, de avaliação de homens, sofre mega vazamento e expõe fotos de 72 mil usuárias – Noticiário 24H
O aplicativo “Tea”, uma plataforma controversa e exclusiva para mulheres avaliarem anonimamente encontros com homens, tornou-se o centro de um escândalo de segurança digital. A ferramenta, promovida como um escudo para proteger mulheres de “mentirosos, golpistas e predadores”, admitiu ter sido alvo de um ataque hacker que expôs as fotos de 72 mil de suas usuárias, transformando o refúgio em uma armadilha.
A violação, que segundo a NBC News foi discutida no fórum extremista 4chan antes de um link para download das imagens ser publicado, é devastadora para a privacidade das usuárias. O vazamento inclui não apenas fotos de posts, mas também 13 mil selfies enviadas durante o processo de verificação de conta — um dado de identificação altamente sensível. Dias depois, a empresa revelou uma segunda brecha, que afetou mensagens privadas mais recentes e permitiu até o envio de notificações falsas para as usuárias.
O incidente expõe a falha inerente e o perigoso paradoxo no modelo de negócio do “Tea”. O aplicativo atraiu mais de 4 milhões de mulheres com a promessa de segurança através do compartilhamento de informações. Usuárias o descrevem nas lojas de aplicativos como um “verdadeiro salvador”. No entanto, ao centralizar uma enorme quantidade de dados anônimos, denúncias não verificadas e informações pessoais, a plataforma se tornou um alvo de altíssimo valor para hackers e grupos misóginos.
Desde seu lançamento, o “Tea” é alvo de críticas. Homens acusam o aplicativo de ser um tribunal sem direito de defesa, um espaço para “ex-namoradas ciumentas postarem coisas ruins” e disseminarem calúnias que podem destruir reputações. Embora os termos de uso proíbam conteúdo difamatório e a empresa afirme remover posts inadequados, a natureza anônima da plataforma torna a moderação um desafio complexo.
A empresa declarou que está trabalhando com especialistas e autoridades, como o FBI, e que oferecerá suporte de proteção de identidade para as vítimas. Contudo, o dano à confiança é profundo. O caso do “Tea” serve como uma dura lição sobre a era digital: a busca por segurança através da vigilância e do compartilhamento de informações muitas vezes cria novas e, talvez, ainda maiores vulnerabilidades. A fortaleza construída para proteger suas usuárias acabou por se tornar a fonte de sua exposição.