O Retrato do Caos: Governo falha em atualizar boletos da Prova Docente e impede professores de pagar inscrição no prazo – Noticiário 24H
Em uma demonstração de incompetência administrativa que beira o absurdo, o Ministério da Educação (MEC) e o Inep estão impedindo que milhares de professores em todo o Brasil paguem a taxa de inscrição para a Prova Nacional Docente (PND) no novo prazo estabelecido pelo próprio governo. A falha, que pode excluir inúmeros candidatos do certame, é o mais recente capítulo de uma série de erros que expõe a completa desorganização por trás do “Enem dos Professores”.
Após ser forçado pela Justiça a alterar o edital para incluir licenciados em Teatro e Dança, o MEC prorrogou as inscrições e estabeleceu esta sexta-feira, 1º de agosto, como a nova data-limite para o pagamento da taxa de R$ 85. No entanto, o governo falhou na tarefa mais básica: atualizar a data de vencimento nos boletos bancários. Como resultado, professores que tentam quitar a taxa hoje recebem uma mensagem de erro, pois o sistema ainda considera o prazo antigo, de 30 de julho.
A falha do Estado está esmagando as esperanças de profissionais como Valeska Camila, pedagoga de 32 anos. “Eu estava sem dinheiro. Recebi meu salário ontem, fui pagar o boleto e já não consegui. Estou desesperada, porque fiz até um curso para me preparar para a prova”, relatou ao g1. O sistema, gerido pelo governo, não permite a emissão de um novo boleto com a data correta.
Este episódio não é um mero erro técnico, mas a consequência inevitável de um modelo de planejamento central arrogante e disfuncional. A própria prorrogação do prazo foi uma medida reativa a uma derrota judicial, depois que o MEC tentou excluir, de forma arbitrária, milhares de profissionais do processo. E mesmo após a ordem judicial, o ministério informou que irá recorrer e, até o momento, não cumpriu a determinação de incluir as áreas no sistema de inscrição.
A Prova Nacional Docente, vendida como uma solução inovadora, já nasce como um monumento à ineficiência estatal. Um único edital, criado por uma burocracia em Brasília, pretende ditar as regras para a contratação de professores em um país continental e diverso. O resultado previsível é o caos: exclusão de categorias, desrespeito a decisões judiciais e, agora, uma falha primária que impede os candidatos de simplesmente pagar por uma prova.
O caso da PND é um argumento poderoso a favor da descentralização. A contratação de professores deveria ser uma atribuição de estados e, principalmente, municípios e escolas, que conhecem sua realidade e suas necessidades. Ao insistir em um modelo “unificado” e de controle central, o governo federal não apenas desrespeita a autonomia local, mas prova, mais uma vez, sua própria incapacidade de executar projetos complexos sem criar prejuízos para o cidadão que deveria servir.