Paulo Skaf retorna à Fiesp em meio a crise tributária e promete ofensiva internacional pró-indústria – Noticiário 24H

O empresário Paulo Skaf foi eleito, pela quinta vez, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), nesta segunda-feira (4). Candidato de chapa única, ele obteve 99% dos votos válidos, garantindo o comando da entidade a partir de 1º de janeiro de 2026, em substituição a Josué Gomes, cuja gestão foi marcada por disputas internas e distanciamento do setor produtivo.

O retorno de Skaf ocorre num momento de turbulência para a indústria brasileira, especialmente em razão do chamado “tarifaço” imposto recentemente por autoridades dos Estados Unidos, e da crescente preocupação com o aumento da carga tributária nacional.

“Não temos tempo. O tarifaço é um problema grave que exige solução urgente”, afirmou Skaf, referindo-se à alíquota de 50% aplicada sobre produtos brasileiros. Ele sinalizou que pretende atuar de forma ativa junto ao governo federal para reverter a medida.

Mas foi além: o empresário anunciou a criação de uma frente de diplomacia empresarial independente, como forma de ampliar a influência e competitividade internacional da indústria paulista. O ex-diretor da OMC (Organização Mundial do Comércio), Roberto Azevêdo, aceitou o convite para liderar o novo Conselho de Relações Internacionais da entidade, que funcionará com base em Nova York.

Pequenas e médias empresas no foco

Em seu discurso, Skaf reforçou que a prioridade da nova gestão será o apoio às pequenas e médias empresas — que representam a espinha dorsal da indústria nacional, mas também são as mais vulneráveis ao ambiente hostil de juros altos, câmbio instável e excesso de burocracia.

“Vamos preparar essas empresas para competir, se reinventar, conquistar novos mercados e vender mais ao exterior. Precisamos exportar mais, trazer investimentos e defender o Brasil no cenário global”, disse Skaf.

Críticas à alta carga tributária e à expansão do Estado

Sem fugir da tradição que marcou suas gestões anteriores, o novo presidente da Fiesp fez críticas ao crescimento da máquina pública e à proposta do governo federal de aumentar o IOF. Ele também reafirmou sua defesa de uma política fiscal mais enxuta:

“Não se combate desigualdade aumentando imposto. O Brasil precisa crescer, e para isso precisa respirar. O setor produtivo não aguenta mais sustentar um Estado obeso e ineficiente.”

Questionado sobre o possível retorno do emblemático “pato amarelo” — símbolo das manifestações contra o aumento de impostos e da campanha pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff — Skaf foi evasivo, mas não descartou sua volta: “As novidades ficam para o ano que vem.”

Diplomacia paralela ou pressão legítima?

O retorno de Skaf ao centro da Fiesp marca também uma tentativa de resgatar o papel político da entidade, que havia perdido protagonismo nos últimos anos. Sua estratégia de diplomacia empresarial, operando de forma paralela à diplomacia oficial, levanta questionamentos sobre o equilíbrio entre iniciativa privada e soberania estatal, mas pode também representar uma saída pragmática diante da omissão do governo federal em negociações comerciais estratégicas.

Com a indústria brasileira sendo sistematicamente penalizada por acordos frágeis, excesso de regulamentações e intervenções fiscais — internas e externas — o cenário que se desenha é de conflito direto entre o setor produtivo e um Estado cada vez mais intervencionista.