Renda Fixa reina no Brasil, mas o motivo não é para comemorar: é o atestado do fracasso econômico – Noticiário 24H

Um novo levantamento divulgado pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) confirma o que muitos já sabiam: o brasileiro médio, quando investe, corre para a segurança da renda fixa. Produtos como CDBs, LCIs e LCAs continuam a ser os destinos preferidos do capital nacional. No entanto, celebrar essa preferência como um sinal de “conservadorismo” ou “prudência” do investidor é ignorar a dura realidade: esta não é uma escolha, é um refúgio.

A dominância da renda fixa no Brasil é um sintoma direto e inequívoco da falência do nosso modelo econômico, perpetuado por sucessivos governos. Em uma economia saudável, com inflação controlada, previsibilidade e um ambiente favorável aos negócios, o capital fluiria naturalmente para o setor produtivo — para a bolsa de valores, para a abertura de novas empresas, para o investimento em inovação. Isso é o que gera empregos, riqueza e desenvolvimento real.

No Brasil, ocorre o exato oposto. O Estado, através de décadas de descontrole fiscal e gastos públicos exorbitantes, gera uma inflação crônica. Para combater essa inflação que ele mesmo criou, o Banco Central é forçado a manter a taxa básica de juros (Selic) em patamares estratosféricos. O resultado é um paraíso artificial para o rentismo. Com juros tão altos, torna-se mais lucrativo e infinitamente mais seguro emprestar dinheiro para o próprio governo (comprando títulos públicos) ou para os bancos do que arriscar um centavo em um empreendimento produtivo, que será esmagado por impostos, burocracia e insegurança jurídica.

O levantamento da Anbima, que você pode acompanhar em detalhe no painel ANBIMA DATA, mostra que, embora o volume total de investimentos tenha crescido, a alocação de recursos permanece distorcida. A preferência pela renda fixa não é um sinal de maturidade do investidor, mas um voto de desconfiança no futuro do país. É a escolha racional de quem busca apenas proteger seu patrimônio da corrosão inflacionária e da instabilidade gerada por Brasília.

Portanto, enquanto a Faria Lima celebra o crescimento dos volumes e a popularização dos investimentos, é preciso ter a honestidade intelectual de fazer o diagnóstico correto. O reinado da renda fixa não é uma virtude, é a febre que denuncia a doença de uma economia viciada em juros altos para compensar a irresponsabilidade fiscal de seus governantes. A verdadeira prosperidade só virá no dia em que investir na produção de um parafuso se tornar mais atraente do que comprar um título do Tesouro. E para isso, o caminho não é outro senão um Estado menor, mais barato e que pare de atrapalhar a vida de quem quer produzir.