Suíça anuncia doação ao Fundo Amazônia; acordo Mercosul-EFTA é discutido – Noticiário 24H
Em um evento celebrado pelo governo como uma vitória diplomática, a Suíça anunciou nesta quarta-feira (5) sua adesão ao Fundo Amazônia, prometendo doações para as políticas de preservação da floresta. O anúncio, feito pelo conselheiro federal suíço Guy Parmelin ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin, expõe, na prática, o aprofundamento de um modelo que subordina a gestão do território brasileiro aos interesses e ao capital de nações estrangeiras.
A entrada da Suíça, que se junta a países como Noruega, Alemanha, EUA e Reino Unido, reforça a estrutura do Fundo como um mecanismo de influência internacional sobre a Amazônia. Sob o pretexto de “ajuda” e “cooperação”, o que ocorre é a injeção de recursos que vêm atrelados a uma agenda ambiental específica, ditada por prioridades europeias, que nem sempre coincidem com as necessidades de desenvolvimento econômico e social do Brasil e da população amazônica.
A fala de Alckmin, que agradeceu a iniciativa e destacou o uso das Forças Armadas para “retirar garimpeiros ilegais”, ilustra como a política de segurança interna do Brasil passa a ser justificada em função das expectativas desses doadores internacionais. O governo brasileiro, na prática, utiliza seu poder coercitivo para implementar uma agenda validada por capitais estrangeiras.
O discurso do ministro Rui Costa, de que o Brasil tem “enormes oportunidades de investimento” ligadas à “transição energética”, reforça a narrativa de que o país está se posicionando como um executor de uma agenda climática globalista. A soberania sobre como utilizar os próprios recursos e definir as próprias políticas de desenvolvimento fica em segundo plano, em troca de aportes financeiros cujos valores, no caso suíço, sequer foram divulgados.
A Ineficiência do Mercosul como Pano de Fundo
O mesmo evento serviu de palco para mais uma rodada de discursos sobre o acordo comercial entre o Mercosul e a EFTA (bloco do qual a Suíça faz parte). Ambos os lados celebraram o acordo como um “instrumento-chave”, mas a realidade dos fatos expõe a ineficiência do modelo. Negociado desde 2017 e concluído em 2019, o acordo segue paralisado por “pendências técnicas” há seis anos.
Este atraso crônico demonstra como a filiação ao Mercosul, com suas complexidades políticas e ideológicas, muitas vezes amarra o Brasil, impedindo-o de buscar acordos bilaterais mais ágeis e vantajosos. Enquanto o governo celebra a entrada de mais um país em um fundo de gestão compartilhada da Amazônia, ele permanece preso a um bloco comercial que dificulta a verdadeira integração econômica com nações desenvolvidas.
No fim, o anúncio desta quarta-feira representa menos uma conquista e mais a consolidação de um modelo preocupante: o Brasil abre mão de parcelas de sua soberania na gestão ambiental em troca de doações, enquanto sua política comercial estratégica segue travada pela burocracia de um bloco que há muito se mostra disfuncional.