Um dia após início do “tarifaço” dos EUA, Lula terceiriza reação a Alckmin e segue no discurso – Noticiário 24H
As tarifas de 50% impostas por Donald Trump começaram a valer nesta quarta-feira (6) e já atingem exportadores brasileiros em setores estratégicos. A reação do governo brasileiro, no entanto, expôs mais fragilidade do que firmeza: enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém seu tom de bravata em declarações públicas, quem assumiu o trabalho de negociação foi o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Diplomacia de bastidores e presidente ausente
Segundo Alckmin, no sábado anterior ao início do tarifaço, ele conversou por cerca de 50 minutos com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick. O encontro virtual teria sido “produtivo”, mas até o momento não há qualquer sinal de recuo por parte de Washington. O Brasil também apresentou à Organização Mundial do Comércio (OMC) um pedido de consulta sobre as tarifas.
Enquanto isso, Lula repete seu discurso de que “não vai se humilhar” pedindo negociação uma postura que pode soar combativa nos palanques, mas que na prática deixa setores exportadores à própria sorte.
Liderança que se esconde atrás de retórica
A crise deixa claro como a política externa brasileira oscila entre a retórica nacionalista e a dependência econômica externa. Lula mantém falas de efeito para consumo interno, mas não lidera pessoalmente as tratativas mais urgentes. Ao invés de usar o peso da presidência para pressionar por resultados, prefere se manter distante, terceirizando o embate e posando de resistente.
Para um governo que se diz defensor da “soberania”, aceitar passivamente um golpe tarifário dessa magnitude é demonstrar fraqueza — e pior, reforçar a percepção de que o Brasil é um ator econômico previsível e submisso quando confrontado por grandes potências.