Vítimas de um golpe bilionário: como brasileiros viraram ‘laranjas’ sem saber no maior ataque hacker da história do país – Noticiário 24H
Cidadãos comuns estão descobrindo, da pior maneira possível, que seus nomes foram usados no maior ataque hacker já registrado na história do sistema financeiro brasileiro. Sem qualquer conhecimento, seus dados foram utilizados para abrir contas bancárias que movimentaram milhões de reais desviados de um esquema criminoso, transformando vítimas em “laranjas” de uma fraude bilionária.
O caso de Vanessa Ritacco, revelado em reportagem do Fantástico, ilustra o drama. Ela descobriu que uma conta foi aberta em seu nome e recebeu cinco depósitos que somam R$ 25 milhões. “Nunca abri conta, desconheço tudo. Agora aparece meu nome num esquema enorme, gigantesco. É um crime usar meu nome e a pessoa tem que pagar por isso”, desabafou Vanessa, que já registrou queixa na polícia e acionou o Banco Central.
A investigação da Polícia Federal aponta que a quadrilha conseguiu acesso ao coração do sistema financeiro no fim de junho. O ponto de entrada foi um programador da empresa CEM, uma das poucas autorizadas a operar no sistema de pagamentos do Banco Central. Por um suborno de R$ 15 mil, o funcionário, identificado como João Nazareno Roque, inseriu códigos maliciosos no sistema em um domingo à tarde.
Essa brecha permitiu que os hackers transferissem dinheiro das contas que os grandes bancos mantêm no Banco Central, pulverizando os valores em centenas de contas de fachada, muitas delas abertas em nome de vítimas como Vanessa e ligadas a fintechs criadas especificamente para o golpe.
Uma das principais empresas investigadas é a Soff Soluções e Pagamentos. A fintech, que dizia ter sede na Avenida Paulista, em São Paulo, movimentou mais de R$ 270 milhões do dinheiro desviado em 69 contas diferentes. O endereço era falso. O Banco Central já suspendeu as atividades da Soff, que acumula dezenas de reclamações na Justiça.
Enquanto a investigação avança para identificar todos os envolvidos, cidadãos honestos agora lutam para provar sua inocência e limpar seus nomes, apanhados no meio de uma teia criminosa que expôs uma grave vulnerabilidade no sistema financeiro nacional.